A 4.ª edição do Film Fest - Festival de Cinema Musicado ao Vivo regressa a Setúbal de 6 a 16 de Outubro. A programação do evento divide-se entre o Fórum Municipal Luísa Todi, o Cinema Charlot - Auditório Municipal e A Gráfica - Centro de Criação Artística.
No programa, destaque para o Cinema Português com o "trabalho da criação de duas novas bandas sonoras para dois filmes de Manoel de Oliveira. O Universo do cineasta e a forma como olhava o Porto – a sua cidade, tão bem retratada nestas obras – funcionaram como pauta para o ritmo e ambiente de uma série de composições que serão apresentadas em formato cine-concerto, em diálogo com os filmes". O Pintor e a Cidade e Douro, Faina Fluvial são as obras musicadas ao vivo pelos Sensible Soccers - que também criaram as bandas sonoras.
Na secção Mulheres Pioneiras, o foco vai para a dupla francesa, mãe e filha, Élisabeth e Marie-Berthe Thuillier, duas das primeiras coloristas na Sétima Arte. "Os primeiros filmes coloridos à mão datam do nascimento do cinema na década de 1890, quando as mulheres pintavam à mão, filmes de 35 mm e 60 mm, fotograma a fotograma com corantes ácidos e pincéis delicados". Élisabeth Thuillier é mais conhecida por ter colorido os filmes de Georges Méliès e os filmes produzidos pela Pathé. A sua filha, Maria-Berthe, juntou-se à mãe, aos 19 anos, "assumindo o comando do estúdio quando Élisabeth morreu em 1907". O Film Fest irá exibir diversas curtas-metragens da Pathé que mostram o trabalho destas duas mulheres, musicadas ao vivo por Filipe Raposo.
Também Jeanne Roques (Musidora) é destacada na secção Mulheres Pioneiras. Para além de actriz - que se notabilizou pelo papel de Irma Vep - , produtora e argumentista, foi ainda foi realizadora e co-realizadora de pelo menos quatro filmes mudos. O festival vai exibir Sol e Sombra, de Musidora e Jacques Lasseyne, com música de Gonçalo Simões, e musicado ao vivo sob a direcção do maestro Nuno Batalha, com os músicos Rita Malão (flauta tranversal), Samuel Santos (violoncelo), Tiago Alexandre (guitarra), Gonçalo Simões (piano) e o Coro Feminino TuttiEncantus.
A secção Politicamente Incorrecto traz um conjunto de curtas-metragens que espelham a liberdade dos primórdios do cinema. Serão musicadas ao vivo pelo Trio Phi.
A Arte dos Benshi e o Cinema Mudo Japonês convida a uma viagem às peculiaridades dos primórdios da Sétima Arte no Japão. Nestes filmes, "uma pessoa, ou um grupo de pessoas, forneceu sempre uma componente verbal à sessão de cinema. O benshi ajudava os espectadores a entenderem o que acontecia na tela do cinema através de narração vocal conhecida como setsumei – explicação". A sessão do filme Uma página de loucura, de Teinosuke Kinugasa, será acompanhada por música e uma performance benshi de Atsuko Kamura.
Uma página de loucura, de Teinosuke Kinugasa |
Na secção Ilustres Desconhecidos, o Film Fest propõe os filmes Ao que o mundo chegou!, de Richard Wallace, e um fragmento de Agora estamos no ar, de Frank R. Strayer (que "esteve considerado perdido até 2016, quando um investigador encontrou os 23 minutos de filme no Arquivo Nacional de Filmes da República Checa"), musicados ao vivo por Armindo Neves (guitarra) e Luís Martins (contrabaixo). Noutra sessão, será exibido Náufragos da vida, de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, musicado ao vivo por Eduardo Ramos (alaúde árabe, gamry e zukra) e Carlos Mendonça (flautas e percussão).
A secção Grande Plano - Sessão Dupla vai exibir três curtas-metragens: Vida e morte de 9413, um figurante de Hollywood, de Robert Florey & Slavko Vorkapich; O amor de Zero, de Robert Florey & William Cameron Menzies; e O Ferroviário, de Gerald Potterton. A sessão será musicada ao vivo por Von Calhau! e Um Corpo Estranho.
A Sessão Escolas conta com O Cozinheiro e A Cabra, duas comédias com Buster Keaton, musicadas ao vivo por Joana Rolo. Na Sessão Famílias, serão exibidas cinco animações da série As Comédias de Alice, de Walt Disney, musicadas ao vivo pelos Disruption Ensemble, com narração de Célia David (Teatro de Animação de Setúbal).
Sem comentários:
Enviar um comentário