A 23.ª edição do Monstra - Festival de Animação de Lisboa acontece de 7 a 17 de Março, sob o tema Liberdade de Expressão, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Estão programados cerca de 400 filmes, no Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, Cinema City Alvalade e Cinema Fernando Lopes, aos quais se juntam exposições, masterclasses, oficinas, partilhas e encontros.
País Convidado: Irlanda
A Irlanda é o país convidado deste ano, "responsável por um boom na produção de cinema animado, com inúmeros estúdios a criar para todo o mundo -, está o mais prestigiado e emblemático de todos, o Cartoon Saloon, cujo co-fundador, Tomm Moore (autor das ilustrações dos cartazes da Monstra e da Monstrinha), tem garantidas a presença no festival e uma retrospectiva alargada", refere o festival em comunicado. Além das curtas, serão exibidas as quatro primeiras longas-metragens do estúdio, que receberam nomeação para o Oscar de Melhor Animação: Brendan e o Mundo Secreto de Kells, ligada às lendas e aos contos tradicionais irlandeses, dos fundadores do Cartoon Saloon, Tomm Moore e Nora Twomey; A Canção do Mar e Wolfwalkers, de Moore; e A Ganha-Pão, de Twomey.
A este programa, junta-se ainda uma homenagem ao realizador Aidan Hickey, com um conjunto de curtas que inclui An Inside Job, sobre as piores experiências na cadeira de um dentista; uma retrospectiva dedicada a Don Bluth, antigo desenhador da Disney, que, a solo, tornou-se autor do popular Em Busca do Vale Encantado e de Todos os Cães Merecem o Céu, ambos com exibição no festival; e dois momentos dedicados ao californiano Jimmy T. Murakami, que criou o seu estúdio em Dublin no início dos anos 70: uma sessão de seis curtas e a projecção do clássico Quando o Vento Sopra, baseada na novela gráfica homónima de Raymond Briggs. Destaque ainda para alguns dos estúdios irlandeses contemporâneos com maior relevância internacional, como o Brown Bag Films e o Boulder Media.
Em Competição
Na Competição de Longas-metragens, participam sete obras: a co-produção com a portuguesa Animanostra, Mataram o Pianista, dos espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, que estarão em Lisboa; Escola de Arte 1994 (China), de Jian Liu; A Concierge (Japão), de Yoshimi Itazu; O Sonho da Sultana (Alemanha, Espanha), de Isabel Herguera; Tony, Shelly e a Luz Mágica (Hungria, Eslováquia, Chéquia), de Filip Pošivač; Galinha para Linda! (França, Itália), de Chiara Malta e Sébastien Laudenbach; e Quatro Almas do Coiote (Hungria), de Áron Gauder.
Na Competição de Curta-metragem, destaque para o nomeado para os Oscars O Nosso Uniforme, da iraniana Yegane Moghaddam, e À deriva, do belga Levi Stoops. De Portugal, estão 12 curtas na corrida pelo Prémio Vasco Granja: Quase Me Lembro, de Dimitri Mihajlovic e Miguel Lima, Olha, de Nuno Amorim, Sopa Fria, de Marta Monteiro, Páscoa, de André Ruivo, A Menina com os Olhos Ocupados, de André Carrilho, A Rapariga que caminhava sobre a neve, de Bruno Carnide, Estado de Alma, de Sara Naves, De Imperio, de Alessandro Novelli, O Conto da Raposa, de Alexandra Allen, Sombras da Manhã, de Rita Cruchinho Neves, Motus, de Nelson Fernandes, e A Rapariga de Olhos Grandes e o Rapaz de Pernas Compridas, de Maria Hespanhol.
A Competição Perspectivas conta com filmes como Robot Dreams - Amigos Improváveis (Espanha, França), de Pablo Berger, e Gigantes de la Mancha (Argentina, Bélgica, Alemanha), de Gonzalo Gutierrez 'G.G.'.
A Rapariga de Olhos Grandes e o Rapaz de Pernas Compridas, Maria Hespanhol
Fora de Competição
Fora de competição, a Monstra apresenta uma nova sessão temática ArchAnim - Animação e Arquitectura, que conta com a estreia mundial de Eduardo, Walter e Leonidov, de Miguel Pires de Matos, e uma sessão experimental, Dia da Abstracção, com a curadoria das directoras artísticas do festival Punto y Raya, Noël Palazzo e Ana Santos, que trazem filmes abstractos de mulheres realizadores e duas masterclasses.
Mantêm-se ainda as secções dedicadas ao documentário (DokAnim), terror (TerrorAnim), videoclip (ClipAnim) e erótico (TripleX), bem como os Históricos, que chegam à Cinemateca Portuguesa com quatro revisitações e comemorações: o meio século de As Mil e Uma Noites (Japão), de Eiichi Yamamoto, e de Dunderklumpen! (Suécia), de Per Åhlin; os 25 anos de A Monkey’s Tale (França, Reino Unido, Alemanha, Hungria), de Jean-François Laguionie; e, por fim, o 15.º aniversário de Ubu and the Great Gidouille (França), de Jan Lenica.
A Monkey’s Tale, Jean-François Laguionie |
Os 50 anos do 25 de Abril serão alvo de uma grande homenagem na Monstra, com a estreia absoluta de A Revolução, um filme realizado colectivamente por alunos de escolas de todo o mundo, que revela como olham hoje para uma revolução democrática. A celebração do 25 de Abril alarga-se ao Monstra Summit, com um debate que reúne os ilustradores Cristina Sampaio, André Carrilho, Nuno Saraiva e José Bandeira, e o autor Pedro Mexia, no contexto do tema que atravessa o festival, Liberdade de Expressão.
Para conduzir masterclasses, chegam vários convidados a Lisboa: o realizador de animação suíço Georges Schwizgebel, que tem também um filme em competição, (De uma pintura… para a outra), e uma retrospectiva das suas curtas-metragens; o compositor e músico britânico Andy Cowton, que trabalhou em filmes de Paul Bush (Ride); e dois dos cineastas nacionais mais premiados da nova geração, Vasco Sá e David Doutel. Com presença marcada no festival está também o brasileiro Alê Abreu que, para além de fazer parte do júri internacional, apresenta a sua obra nomeada para os Oscars, O Menino e o Mundo, novamente no festival, onde há 10 anos venceu o Grande Prémio.
Como habitual, a Monstra regressa ao Museu da Marioneta. De 15 de Fevereiro a 7 de Abril, Três Famílias é uma oportunidade conhecer "os bastidores de um trio de longas-metragens de animação sobre famílias muito distintas e de diferentes países europeus: Interdito a Cães e Italianos, de Alain Ughetto, O Retrato de Família (em competição na Monstra), de Lea Vidaković, e A cada dia que passa…, de Emanuel Nevado". Também durante os dias do festival, uma colecção de cartazes de animações portuguesas e uma exposição que simula espaços interiores onde ocorriam reuniões clandestinas pré-25 de Abril de 1974, por alunos da Escola Artística António Arroio, estarão patentes no Cinema São Jorge.
A Monstrinha também está de regresso com sessões de cinema dedicadas ao público infantil e às famílias. Nesta secção, estreiam dois episódios da série animada O Diário de Alice, de Diogo Viegas (parceria entre a Monstra, a Sardinha em Lata e a RTP). Além do Cinema São Jorge, os programas Monstrinha Baby e Monstrinha Pais e Filhos ocupam os dois fins-de-semana do festival no Museu Nacional de Etnologia (Lisboa), Centro de Artes de Sines, Casa da Música de Óbidos, Auditório Fernando Lopes-Graça (Almada) e m|i|mo - museu da imagem em movimento (Leiria). Nas e para as escolas de todo o país, a Monstrinha Vai à Escola (5 a 23 de Fevereiro) e a Monstrinha Escolas (7 a 17 de Março) já contam com milhares de alunos inscritos.
A programação completa e outras informações sobre a Monstra 2024 podem ser consultadas em www.monstrafestival.com.
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