"...he just believes what people tell him."David Grant
*9/10*
Alexander Payne trouxe-nos uma inesperada obra-prima. Nebraska é uma melancólica história de sonhos desfeitos e de perseverança, acompanhada por um amor muito especial. Com os protagonistas, viajamos, a preto e branco, por uma América abandonada, desencantada e sem esperança.
Ao receber pelo correio uma carta de um sorteio, o velho Woody Grant (Bruce Dern) acredita estar rico e o seu filho David (Will Forte) vê-se obrigado a acompanhá-lo numa viagem para reclamar a sua fortuna. Nebraska é o destino de pai e filho, que partem numa jornada ao longo de quatro estados norte americanos, onde reencontram velhos amigos e família.
O argumento original da autoria de Bob Nelson é apaixonante desde o primeiro momento e inesperado, até ao fim. Nada é previsível ou cai no cliché, o humor é arrasador, sarcástico, chegando a ser cruel. As personagens são simples mas profundas e a viagem até Nebraska é uma lição de vida para pai e filho - e plateia. A família é parte fundamental da longa-metragem, seja pela fabulosa relação pai/filho, seja pelo reencontro com a família interesseira e disfuncional de Woody - como tantas que por aí andam.
Ao mesmo tempo, um triste retrato pintado em tons de cinza - potenciado pela fabulosa fotografia de Phedon Papamichael que revela toda a beleza da tragédia -, mostra-nos o lado mais obscuro dos Estados Unidos da América, desolado e sem futuro. Um deserto sem esperança nem jovens, repleto de recordações dolorosas.
Woody e David percorrem um longo caminho em busca de um sonho do patriarca. A conquista vai, contudo, muito para lá da desejada fortuna. A relação entre o par que nos guia por esta América perdida cresce a cada cena, e resulta numa grande prova de amor de um filho a um pai. As personagens dão-se a conhecer e vão-se revelando - a nós e umas às outras. Woody, de saúde débil e dependente do álcool, sabe bem o que quer, e não desiste, ama os filhos apesar de não o demonstrar da melhor forma, e é dono de um passado que deixou marcas profundas. Provavelmente, David nunca conheceu tão bem o pai como durante os dias que passaram juntos, até Nebraska.
Bruce Dern e Will Forte resultam de forma muito credível na pele de pai e filho e a sua relação, com os seus altos e baixos, apaixona-nos de forma indescritível. Dern tem uma das melhores prestações da temporada de prémios: frágil, ingénuo, teimoso, mas cheio de esperança. No meio da debilidade que aparenta, surge uma força de vontade marcante. Ao seu lado, Forte tem um desempenho contido mas cheio de amor. Um homem tímido e simples que faz tudo pelo sonho do pai. Aos dois homens junta-se a fantástica June Squibb que encarna Kate Grant, mulher de Woody e mãe de David, sem paciência para os desvarios do marido, mas que, no fundo, o ama e estima. A actriz cresce no decorrer da longa-metragem e protagoniza os momentos mais hilariantes de Nebraska.
Alexander Payne dá-nos uma lição de vida, embalada por uma das mais belas bandas sonoras do ano, composta por Mark Orton. Uma história de família, numa América esquecida, que nos lembra que há laços e valores que nenhum milhão de dólares é capaz de pagar.
O argumento original da autoria de Bob Nelson é apaixonante desde o primeiro momento e inesperado, até ao fim. Nada é previsível ou cai no cliché, o humor é arrasador, sarcástico, chegando a ser cruel. As personagens são simples mas profundas e a viagem até Nebraska é uma lição de vida para pai e filho - e plateia. A família é parte fundamental da longa-metragem, seja pela fabulosa relação pai/filho, seja pelo reencontro com a família interesseira e disfuncional de Woody - como tantas que por aí andam.
Ao mesmo tempo, um triste retrato pintado em tons de cinza - potenciado pela fabulosa fotografia de Phedon Papamichael que revela toda a beleza da tragédia -, mostra-nos o lado mais obscuro dos Estados Unidos da América, desolado e sem futuro. Um deserto sem esperança nem jovens, repleto de recordações dolorosas.
Woody e David percorrem um longo caminho em busca de um sonho do patriarca. A conquista vai, contudo, muito para lá da desejada fortuna. A relação entre o par que nos guia por esta América perdida cresce a cada cena, e resulta numa grande prova de amor de um filho a um pai. As personagens dão-se a conhecer e vão-se revelando - a nós e umas às outras. Woody, de saúde débil e dependente do álcool, sabe bem o que quer, e não desiste, ama os filhos apesar de não o demonstrar da melhor forma, e é dono de um passado que deixou marcas profundas. Provavelmente, David nunca conheceu tão bem o pai como durante os dias que passaram juntos, até Nebraska.
Bruce Dern e Will Forte resultam de forma muito credível na pele de pai e filho e a sua relação, com os seus altos e baixos, apaixona-nos de forma indescritível. Dern tem uma das melhores prestações da temporada de prémios: frágil, ingénuo, teimoso, mas cheio de esperança. No meio da debilidade que aparenta, surge uma força de vontade marcante. Ao seu lado, Forte tem um desempenho contido mas cheio de amor. Um homem tímido e simples que faz tudo pelo sonho do pai. Aos dois homens junta-se a fantástica June Squibb que encarna Kate Grant, mulher de Woody e mãe de David, sem paciência para os desvarios do marido, mas que, no fundo, o ama e estima. A actriz cresce no decorrer da longa-metragem e protagoniza os momentos mais hilariantes de Nebraska.
Alexander Payne dá-nos uma lição de vida, embalada por uma das mais belas bandas sonoras do ano, composta por Mark Orton. Uma história de família, numa América esquecida, que nos lembra que há laços e valores que nenhum milhão de dólares é capaz de pagar.
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