*8/10*
Visões de Madredeus foi o filme de abertura da secção Heart Beat, que pela primeira vez contou com um filme português, no Doclisboa'12. Neste documentário, Edgar Pêra, que acompanhou a banda de 1987 a 2006, apresenta-nos uma espécie de cine-diários dos Madredeus, da Europa ao Oriente.
A música, profunda e melancólica, que espelha toda uma alma nacional, aliada a todo um ambiente visual tão característico do realizador, oferecem-nos um filme intimista e arrepiante. E tudo começa no último concerto da tournée em 2006, em Tóquio.
Nas imagens iniciais, que nos mostram a capital japonesa, misturam-se os sons da cidade com a música da banda de forma brilhante. Pêra já nos acostumou a uma espécie de experimentalismo com o som e, mais ainda, com as imagens. E do fim para o início, Visões de Madredeus continua regressando aos primeiros anos da banda, onde vemos uma Teresa Salgueiro muito jovem.
Imagens de concertos e bastidores, onde os Madredeus nos são apresentados sem medos ou floreados, mas sim de uma forma muito íntima. Pêra é um amigo que os acompanha e nós também somos colocados nesse lugar. Assistimos ainda a testemunhos de fãs um pouco por todo o mundo, que são praticamente unânimes na escolha das palavras para caracterizar a música da banda, quer se fale com um japonês, com um italiano ou um francês.
Não fugindo à regra dos filmes de Edgar Pêra, Visões de Madredeus é visualmente assombroso, no melhor sentido da palavra. A distorção da imagem, da cor, e mesmo do som, resulta de forma singular, e a sua fusão com a música é fabulosa. Há uma espécie de movimento sempre presente no documentário, que lhe confere igualmente uma intensidade muito especial. Ao assistir à longa-metragem é quase impossível não sentir arrepios, pelo conjunto do que nos é apresentado e estamos a experienciar.
O realizador nunca tem receio de arriscar e gosta de experimentar. Visões de Madredeus é uma explosão de cor e sentimentos, que atravessam a sala de cinema, vindos directamente dos mais diferenciados pontos do globo. A história de quase 20 anos de uma banda acompanhada num documentário que mexe com os sentidos.
3 comentários:
Sem dúvida, um dos pontos altos da minha experiência Doclisboa 2012 :)
E concordo absolutamente contigo quando dizes que "é quase impossível não sentir arrepios". Este VISÕES submerge-nos sensorialmente — e Edgar Pêra é mesmo exímio nessa capacidade. :)
Excelente texto, como sempre.
Cumps cinéfilos :*
Foi das agradáveis surpresas (ou confirmações do Doclisboa 2012). Confesso que quanto mais penso no filme mais vou gostando do mesmo.
Concordo com quase tudo, mas sublinho a "explosão de cor e sentimentos". Boa Crítica.
Cumprimentos,
Aníbal
Obrigada pelos comentários. Foi um dos melhores do Doclisboa'12, certamente. :)
Cumprimentos cinéfilos.
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