quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Crítica: Mata-os Suavemente (2012)

*7/10*
Mata-os Suavemente é, fazendo jus ao título, um filme que traz consigo uma beleza brutal e suave. Mais do que crime e acção, o filme de Andrew Dominik oferece momentos de pura arte, visualmente falando.

Brad Pitt assume o comando encarnando um assassino profissional que gosta de matar as suas vítimas suavemente, mas o verdadeiro artista neste filme é, definitivamente, o realizador. Depois de ficar famoso pelo seu O Assassinato de Jessie James pelo Cobarde Robert Ford, Andrew Dominik está de regresso com Mata-os Suavemente, que chega agora ao cinema.


Jackie Cogan (Brad Pitt) é contratado para apanhar os homens que assaltaram um jogo de póquer protegido pela máfia, causando o colapso da economia criminal local, restaurando assim a ordem perdida.

O ambiente em que a acção decorre é sombrio, onde crime e mafiosos abundam, (muito ao estilo de filmes como Drive ou Killer Joe, com as óbvias diferenças). Não é o argumento que torna Mata-os Suavemente num filme original. No entanto, a introdução da questão política, muito presente, de forma subtil mas eficaz – tudo acontece no momento exactamente anterior à primeira eleição de Barack Obama – consegue conferir-lhe alguma singularidade. Vêem-se discursos na televisão que acompanham a acção: o que é dito pelos políticos enquadra-se perfeitamente na história que está perante os nossos olhos. 

Mas o que torna o novo filme de Andrew Dominik numa obra que merece ser vista é toda a componente técnica, que é, sem sombra de dúvida, fabulosa. O realizador consegue hipnotizar-nos com imagens de uma beleza que conjuga na perfeição a suavidade e a morte, tal como o título exige. Aliado a planos fantásticos, a uma fotografia de excelência, a utilização do slow motion revela-se indispensável, aguçando os sentidos de quem assiste como poucos filmes conseguem. A própria banda sonora contrasta muito eficazmente com as imagens, dando-lhes também a leveza que o título pretende. Mata-os Suavemente, simples e eficaz, aplica-se perfeitamente às imagens de uma espécie de violência suave (passo o paradoxo), que surgem perante os nossos olhos proporcionada por uma dicotomia argumento vs. componente técnica. 

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