*7/10*
Pays Barbare, de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi, abriu o DocLisboa'13 e integra a Competição Internacional de longas-metragens do festival. Um documentário sobre o fascismo de Mussolini, Il Duce, capaz de arrepiar.Pays Barbare é o retrato de uma época terrível na história da Itália e do Mundo. Através de imagens de arquivos privados e anónimos da Etiópia e fotogramas de filmes do período do colonialismo italiano recentemente descobertos (que datam dos anos 20 e 30 do século passado), bem como de fotografias de soldados italianos em África, os realizadores trazem-nos o que chamam de "o filme necessário".
A acompanhar as imagens fortes e impressionantes a que assistimos, ouvimos narrações quase poéticas, frases que são repetidas, ora faladas, ora cantadas, mas sempre tristes. Desde o Carnaval - a demonstrar o poder da ditadura -, a corpos sem vida espalhados pelo chão, ou imagens do colonialismo, onde surgem mulheres africanas semi-nuas - o que os realizadores chamam de erotismo colonial -, são diversos os momentos-chave que Pays Barbare traz até nós.
Os arquivos são-nos apresentados relativamente modificados. Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi optaram por darem-lhes cor ou outros efeitos, no que poderá ser entendido como uma espécie de desafio àquele fascismo aterrador ou ao fascismo que os realizadores afirmam que cada era tem.
Nesta longa-metragem nada é de fácil digestão. O ponto máximo da emotividade e horror surge, provavelmente, quando nos relatam um ataque aéreo com gás a uma pequena povoação, que matou todas as pessoas e animais do local. Mussolini queria a guerra e gostava dela. Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi mostram ao mundo imagens que pouca gente viu, e oferecem-nos o retrato de um país bárbaro.
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