*5.5/10*
Em 2013, Andrea Segre venceu o 8 ½ Festa do Cinema Italiano com o seu filme Shun Li e o Poeta. Este ano, o realizador está de regresso à Competição com La prima neve. O filme debruça-se sobre a história de Dani, originário do Togo, que nunca viu neve. Ele chegou a Itália para fugir da guerra da Líbia e agora trabalha nas montanhas do Trentino Alto Adige com Pietro, um velho carpinteiro e apicultor que vive com a nora, Elisa, e o neto, Michele.
La prima neve é, acima de tudo, um filme sobre relações familiares, sobre famílias marcadas por acontecimentos dramáticos. Dani e Michele, que se vão conhecendo e aproximando ao longo da trama, têm mais em comum do que pode parecer. Dani vive com a filha, cuja mãe morreu. Michele vive com a mãe, e o seu comportamento está verdadeiramente marcado pela morte do pai. Dani não consegue estabelecer uma relação próxima com a filha - com cerca de um ano de idade -, pois a menina lembra-lhe a mulher. Michele culpa a mãe pela morte do pai. Sentimentos de culpa, incertezas e medos percorrem os cenários frios e isolados das montanhas de La prima neve, mas o argumento não traz nada de novo ao cinema.
A mensagem que a longa-metragem pretende passar não é forte, nem surpreendente, é apenas mais um filme sobre família e onde a temática da imigração - que parece querer ganhar terreno a certo momento -, não tem coragem de se emancipar.
A história de Dani, que nos parece ser o protagonista e ter mais para dar, é menosprezada para dar destaque à revolta - afinal, tão injustificada - de Michele. As personagens criam alguma empatia com o público, que não deixará de sorrir perante alguns diálogos com humor, mas não conquistam o suficiente para emocionar. Falta um foco a La prima neve, um motor que o tornasse diferente, cativante e, especialmente, que o guiasse pelo melhor caminho.
A relação entre Dani e Michele e a amizade que estabelecem - um parece precisar do outro para superar os seus traumas - é ainda assim um dos pontos mais positivos do filme de Andrea Segre, que prima igualmente pela bonita fotografia de Luca Bigazzi que potencia, ainda mais, os magníficos cenários de uma Itália mais desconhecida.
La prima neve está longe de ser uma obra-prima, mas Andrea Segre tem aqui uma forma de dar a conhecer um estilo de vida menos visto nos filmes, num drama familiar que podia ter mais para dar.
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