Já Vi(vi) este Filme
por Susana Pacheco, do Mundo Poético, Mundo Frenético
“I feel old but not very wise”.
(Jenny)
Quando estamos a ver certos filmes, tal como determinados momentos da nossa vida, não nos apercebemos, no momento, que são determinantes para moldar a nossa história.
An Education de Lone Scherfig (2009) foi um filme que me marcou quando o vi, mas nunca me identifiquei tanto com a sua irreverente personagem principal Jenny (Carey Mulligan) como agora.
A trama decorre na Londres dos anos 60 e resume-se à aprendizagem de vida de Jenny, uma jovem adolescente e estudante, que larga os estudos de forma impulsiva e irreflectida, deixando Oxford para trás e os seus pais e professores desolados, quando se apaixona por um playboy com o dobro da sua idade David (Peter Sarsgaard), cujo estilo de vida boémio (e duvidoso) rapidamente colide com a boa educação da jovem…
É no sentimento de desilusão quase traumática perante outro ser humano que me identifico com este filme. Afinal aquele homem não foi nada do que Jenny idealizou e, de boa fé, (e até um pouco de inocência própria da idade) acreditou ser bom para ela. Uma grande mudança (de Londres para Paris) e uma fantástica aventura adquire o sabor agridoce e revela-se a sua má escolha, quando descobre a forma suja como David ganha o seu dinheiro.
Também eu experimentei este sentimento de desolação e coração partido de quando nos apercebemos que agimos depressa de mais, “aquela pessoa”, apesar de parecer resolvida na sua vida, misteriosa, e até afectuosa, não o é nestes termos e nunca nos viu como um bem precioso, muito menos uma prioridade. Aqui existem numerosas razões para alguém ser assim, mas viver focado na ganância e imerso no egoísmo pode muito bem ser uma delas. Afinal quem mudou a sua vida pelo outro? Quem deu mais de si?
Os sonhos e as vontades caem por terra e, afinal, nada foi para durar. Fica apenas o ensinamento de que, infelizmente, nem sempre os corações são puros, muito menos desinteressados, e as pessoas raramente são como as vemos mas como querem fazer parecer que são.
Esta é “uma outra educação” que, certamente, não aprendemos na escola. Por vezes não conseguimos fugir dela a tempo de evitar o sofrimento, mas acredito que se aprende sempre muita coisa.
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Obrigada pela tua participação, Susana!
1 comentário:
Gostei do filme e gostei do texto.
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