*7/10*
Passou pelo LEFFEST'14 e estreia também esta semana nas salas de cinema portuguesas, Dois Dias, Uma Noite é o mais recente filme dos irmãos Dardenne, protagonizado por Marion Cotillard.
A actriz francesa interpreta Sandra, cujo emprego é ameaçado quando os seus empregadores decidem oferecer um prémio aos restantes trabalhadores se eles votarem para que Sandra não regresse ao emprego. Com a ajuda do marido, Sandra tem apenas o fim-de-semana para visitar os colegas e convencê-los a abdicarem dos seus prémios para que ela possa voltar ao emprego.
Dois Dias, Uma Noite é realismo cinematográfico puro, repleto de simplicidade, mas que coloca um dilema muito real ao espectador: escolher entre um bónus no ordenado ou o despedimento de uma colega, em tempos de crise. Vamos seguir Sandra e torcer por ela, ainda que, por outro lado, estejamos tão divididos como os seus colegas de trabalho, ponderando os prós e contras de cada decisão, e conhecendo - apenas em dois dias e uma noite - a protagonista, ela mesma atormentada por uma depressão ainda longe de estar curada.
Marion Cotillard oferece-nos uma interessante interpretação numa personagem frágil (também fisicamente), com problemas psicológicos e numa luta aguerrida - mesmo que com algumas desistências pelo meio - pelo seu posto de trabalho, algo que ainda lhe poderia dar alguma esperança. Vamos querer apoiar Sandra, mas vamos igualmente ficar apreensivos ao verificar que o seu estado de saúde é inconstante e muito preocupante.
Jean-Pierre e Luc Dardenne construíram um trabalho cujo maior trunfo é o dilema que coloca directamente ao espectador que balança entre o bónus e o despedimento, do início ao fim de Dois Dias, Uma Noite.
Sem comentários:
Enviar um comentário