quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Crítica: Diário de uma Criada de Quarto / Journal d’une Femme de Chambre (2015)

*6/10*

Mais uma adaptação cinematográfica do clássico de Octave Mirbeau. Depois de Jean Renoir (1946) e Luis Buñuel (1964), é agora a vez de Benoît Jacquot se aventurar nos segredos de Célestine contando-nos o seu Diário de uma Criada de Quarto.


Célestine (Léa Seydoux) é uma jovem criada de quarto cortejada pela sua beleza que acaba de chegar à província, vinda de Paris, para trabalhar com a família Lanlaire. Vai evitando os avanços do patrão, ao mesmo tempo que tem de lidar com a Senhora Lanlaire, que  governa a casa com um punho de ferro. É então que conhece Joseph (Vincent Lindon), um misterioso jardineiro, por quem fica fascinada.

Depois de Paulette Goddard e Jeanne Moreau, é Léa Seydoux quem veste a pele da bela Célestine, sendo ela própria um dos pontos mais fortes da longa-metragem. Doce e desafiadora, a actriz francesa dá à personagem a rebeldia necessária, com o seu quê de sexyness, e, ao mesmo tempo, de inocência. Ganhamos curiosidade pela protagonista ao longo dos minutos, pelos segredos que guarda, pelo seu passado - que nos é apresentado por flashbacks - e pelas relações que desenvolve com os restantes ocupantes da casa onde trabalha.


Esta adaptação de Benôit Jacquot peca, contudo, pela pressa que tem em terminar de contar a história. O ritmo dos acontecimentos é acelerado e, ao mesmo tempo que prende a atenção do espectador ao ecrã, depressa a foca em outra situação, sem tempo para respirar, para envolver, para se deixar provocar. Com estas decisões do realizador, Diário de uma Criada de Quarto termina de rompante, quase como se estivesse incompleto.

A direcção artística é muito competente e há que destacar igualmente cores, cenários e fotografia, mas para lá destes aspectos e do sorriso insolente de Seydoux, nada mais nos fica gravado na memória.

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