segunda-feira, 21 de março de 2016

Judaica'16: Todos os Rostos têm um Nome / Every Face Has a Name (2015)

*8/10*

A Judaica teve uma sessão solidária, cuja receita de bilheteira reverteu a favor da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). Todos os Rostos Têm um Nome foi o filme exibido e onde Magnus Gertten (presente na sessão) entrou numa jornada histórica e emocionalmente rica, ao querer fazer corresponder um nome a cada rosto que surge nas imagens de arquivo da chegada dos sobreviventes de campos de concentração nazis ao porto de Malmö, na Suécia, no dia 28 de Abril de 1945.


O realizador sueco procura, descobre e entrevista estes sobreviventes de várias nacionalidades, judeus e não judeus. Ao mesmo tempo, Gertten estabelece ainda um paralelo com a realidade que o mundo hoje enfrenta, ao intercalar o filme da época com imagens actuais de pessoas que chegam à Sicília, em busca de refúgio, depois de uma perigosa travessia do Mediterrâneo.

Todos os Rostos Têm um Nome começa de mansinho, mas arrebata-nos o coração. O empenho do realizador na procura dos sobreviventes e seus testemunhos é fabuloso. A forma como conquista a confiança dos entrevistados, mesmo fazendo-os recordar episódios terrivelmente dolorosos, e ao mesmo tempo, recebe informações sobre outros rostos das imagens, demonstram o empenho com que mergulhou neste projecto.


Há relatos verdadeiramente impressionantes, comoventes, desarmantes. Uma forma de dar nome aos rostos, mas também de construir a história de cada uma daquelas pessoas, de semblante esperançoso ou amedrontado naquele desembarque que significava a liberdade.

Talvez o ponto menos forte de Todos os Rostos Têm um Nome seja a comparação ou paralelo que estabelece com os "novos refugiados", já que as situações são muito diferentes para serem comparadas. As imagens actuais da Sicília podem ser entendidas como uma compreensão da realidade actual, mas talvez devessem ser guardadas para um documentário sobre essa temática.


O filme de Magnus Gertten é, acima de tudo, uma homenagem sentida a todos os sobreviventes dos campos de concentração - neste caso, aos que chegaram a Malmö. O realizador e testemunhos que recolheu dão-lhes identidade e vida.

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