*7/10*
Pablo Agüero veio ao IndieLisboa'16 apresentar o seu filme Eva no duerme. A longa-metragem faz parte da secção Silvestre e tem como foco Eva Péron, mais propriamente os estranhos acontecimentos que procederam a sua morte.
Adorada por grande parte do povo argentino, Eva Péron morreu jovem e o seu corpo foi embalsamado em 1952. Eva no duerme segue-lhe o rasto, munindo-se da ficção e de imagens de arquivo para dar a conhecer ao mundo parte da História da Argentina. Desde o seu embalsamento, até à transladação definitiva para o cemitério La Recoleta, em 1976, os acontecimentos são-nos apresentados em três capítulos: O Embalsamador, O Transportador e O Ditador.
Agüero traz-nos um filme tecnicamente irrepreensível, repleto de planos-sequência e longos planos fixos, onde a acção acontece perante os nossos olhos. Todo o segmento de O Transportador é marcante para a audiência, quer por este exímio trabalho de câmara, de luz, quer pela prestação dos actores. A direcção de fotografia faz um trabalho digno de elogios e nota-se o empenho de toda a equipa para que os planos saíssem impecáveis - assistimos à aurora dentro do camião que transporta o corpo de Evita, desde a noite ao sol raiar.
Nas interpretações, Gael García Bernal e Denis Lavant são os nomes mais sonantes e o segundo tem um desempenho marcante: frio, intenso e bastante físico.
O ponto fraco de Eva no duerme, que pode contrastar com a exigência técnica levada a cabo pela equipa, é a narração, insistente, algo repetitiva e demasiado presente. De alguma forma, este aspecto poderá distrair e extenuar a plateia que não aproveita na plenitude as imagens.
Acima de tudo, Eva no duerme é um projecto em que se sente a dedicação de Pablo Agüero. Uma óptima lição de História para os mais distraídos, oferecida através da forte premissa bem filmada.
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