*7.5/10*
Uma boa surpresa cinematográfica chegou à secção Silvestre do IndieLisboa: Le fils de Joseph, de Eugène Green. O realizador adapta algumas passagens da Bíblia ao seu estilo satírico e constrói uma história inteligente, divertida e cativante.
Vincent tem 15 anos e vive com a mãe, Maria, que lhe diz que este não tem pai. Mas Vincent não acredita. Não pode acreditar. Por isso, inicia uma investigação por sua conta. Pelo caminho, fica amigo de Joseph.
Esta comédia é contagiante e toma o seu tempo, sem avanços demasiado repentinos na narrativa. As personagens conversam tranquilamente, num certo tom declamatório, os planos são bem estudados e geométricos e os cenários encaixam bem no todo. A cor abunda e confere um ambiente positivo à longa-metragem.
A religião serve de base a Le fils de Joseph, sem excessos, traduzindo-se num humor inteligente, referências bem construídas e personagens interessantes (com momentos verdadeiramente hilariantes), de características muito próprias.
Destaque, claro, para o nosso "menino Jesus", Vincent, que, após uma desilusão, consegue dar a volta à situação, mesmo que, para isso, se torne num criminoso procurado. Excelente interpretação do jovem Victor Ezenfis. Ao seu lado, Mathieu Amalric reinventa-se como o poderoso e egoísta Oscar Pormenor, em mais um exemplo da versatilidade do actor. Ainda Maria de Medeiros surge numa pequena mas singular interpretação de uma excêntrica crítica literária.
Le fils de Joseph invoca a Bíblia para contar uma história que depressa conquista a plateia. Gargalhadas não faltarão, mas serão os pormenores que, no meio da simplicidade de Eugène Green, revelam um filme cheio de conteúdo.
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