"Help me get one more."Desmond Doss
*5/10*
Mel Gibson regressa à realização com O Herói de Hacksaw Ridge onde fé e patriotismo se alistam em conjunto. Entre o drama do religioso objector de consciência, traumatizado desde a infância, e a brutalidade da guerra, o filme parece dividir-se em dois, com ritmos bastante distintos.
Numa primeira metade enfadonha, onde a vida pessoal e a luta do pacifista contra os seus dilemas são o principal foco, numa segunda metade, o inferno da guerra em Hacksaw Ridge toma conta da narrativa.
O filme explora os acontecimentos da Primavera de 1945, quando as tropas norte-americanas na ilha de Okinawa encontraram alguma da resistência mais feroz que alguma vez viram. Um soldado destacou-se dos restantes: Desmond T. Doss (Andrew Garfield), objector de consciência, apesar do seu voto de nunca matar, serviu como socorrista desarmado na infantaria, e sozinho salvou as vidas de dúzias dos seus camaradas feridos, sem efectuar um único disparo.
Mais um momento da Segunda Guerra Mundial adaptado ao cinema, desta vez pegando na história desta curiosa figura, quase abençoada pelas suas crenças. Andrew Garfield é dramático, frágil e inocente como a personagem pede, e cedo conquista a simpatia da plateia. Contudo, o fôlego que o filme precisa só chega em Okinawa com boas sequências de acção. É quando passamos a ver Desmond a tentar salvar os seus colegas feridos no campo de batalha que O Herói de Hacksaw Ridge ganha maior interesse. Importantes no desenrolar do enredo são também Vince Vaughn e Sam Worthington com desempenhos competentes.
Gibson proporciona-nos grandes sequências ao filmar o inferno da guerra, com extrema violência. Fiel ao seu estilo, para o melhor e para o pior (a utilização da câmara lenta para tornar tudo ainda mais dramático e doloroso era dispensável), vemos a fé planar sobre aquela terra cheia de mortos, sangue e feridos, de homens em desespero, onde o perigo se esconde por todo o lado. Garfield é o anjo protector daquela batalha, incansável.
O Herói de Hacksaw Ridge resume-se a pouco mais que a sua segunda metade, aquela que faz valer a pena a visualização. O resto são apenas clichés.
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