domingo, 5 de fevereiro de 2017

Crítica: La La Land - Melodia de Amor (2016)

"I guess I'll see you in the movies."
Sebastian

*8/10*

Damien Chazelle é bom - e frenético - no que faz, mas depois do surpreendente Whiplash, a ideia que se traduziu em La La Land merecia mais tempo para amadurecer. No entanto, é fácil deixarmo-nos levar pelas danças, música, nostalgia e, principalmente, pelo casal protagonista: Ryan Gosling e Emma Stone.

O filme começa como tudo começa em Los Angeles: na auto-estrada. Este é o lugar onde o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) encontra a aspirante a actriz Mia (Emma Stone), pela primeira vez. Sebastian tenta fazer com que as pessoas gostem de jazz tradicional no século XXI. Mia gostava de conseguir chegar ao fim de uma audição. Mas nenhum dos dois espera que o seu fatídico encontro os leve onde nunca poderiam chegar sozinhos.


Este musical dos tempos modernos, saudoso dos clássicos, chega cheio de memórias e um trabalho técnico soberbo. Já o argumento é um tanto banal, surpreendendo-nos com alguns momentos inesperados, mas perdendo-se, por vezes, em diálogos de repetição sem fim. Seria bom seguir a máxima que diz que "um olhar vale mais que mil palavras", mas tal só se aplicou mesmo no final do filme. Ainda assim, deixamo-nos levar pela música e pelo romance, pela melancolia e pelos sonhos a realizar, pelas cores vibrantes que nos transportam para outros tempos - que nunca existiram, afinal - onde o tradicional e o mais moderno se unem numa fusão divertida e arriscada. Guarda-roupa e direcção artística fazem um trabalho excelente no que toca a transportarem-nos para essa modernidade clássica.


Os sonhos comandam a narrativa e os protagonistas, que mereciam mais, brilham no meio do argumento imaturo. Há décadas que não se via um casal com tanta química como Gosling e Stone, que fazem par no cinema pela terceira vez (antes vimo-los juntos em Amor, Estúpido e Louco e Gangster Squad). Excelentes actores, desdobram-se também em cantores e bailarinos e saem-se bem nos três papéis, reforçando o talento que já sabíamos que tinham. A muito expressiva Emma Stone confirma aqui, por completo, o seu talento para a comédia, mostrando ainda como também sabe emocionar nos momentos dramáticos. Ryan Gosling mostra a sua versatilidade, provando como se sabe reinventar e surpreender.


A par da dupla de protagonistas, realização, montagem e direcção de fotografia fazem um trabalho exímio. Chazelle prossegue com o seu modo enérgico de filmar, onde a câmara dança com personagens e figurantes, perseguindo o jazz que o acompanha desde sempre, quer em Whiplash - Nos Limites, (e na curta-metragem homónima), quer na sua primeira longa-metragem, em 2009, Guy and Madeline on a Park Bench. Em La La Land um pouco menos de presença da câmara podia vir em seu benefício já que aqui, os sonhos e a nostalgia deveriam ter um pouco mais de destaque e mereciam ser apreciados com alguma calma. 

O trabalho de fotografia, de Linus Sandgren, compensa, todavia, todos os planos alvoraçados. As cores, o trabalho de luz e sombra iluminam de tal modo La La Land que nos hipnotizam por longos momentos, seja quando Sebastian e Mia dançam juntos em busca do carro dela ou observam as estrelas, ou quando o pianista toca, inspirado, deixando de lado as canções de Natal, ou mesmo quando Mia canta, emocionada, numa audição. A banda sonora de Justin Hurwitz torna ainda mais especial este musical (que nada seria sem o compositor), com temas alegres e difíceis de esquecer.


Comovente, romântico e sonhador são qualidades do mais recente filme do empenhado Damien Chazelle. Só mesmo o argumento apressado quebra ligeiramente a magia do musical moderno que homenageia os veteranos. O La La Land inesquecível chegaria daqui a uns anos, na sua plenitude. 

1 comentário:

Paulo Leão disse...

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