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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Crítica: Vendeta / Revenge (2017)

*4/10*


Vendeta vendeu-se como um filme super-feminista, mais ainda por ser realizado por uma mulher. Contudo, desde cedo que percebemos que compramos gato por lebre. O que realmente impera no filme de Coralie Fargeat é um argumento fraco, muito gore e um lado estético marcado.

Richard (Kevin Janssens) vai com os amigos fazer uma caçada no deserto, mas decide ir uns dias antes e levar a amiga Jen (Matilda Lutz). Os amigos chegam mais cedo e cruzam-se com ela. A situação descontrola-se e a presa passa a ser humana. Jen vai mostrar o sabor da vingança de uma mulher.

Coralie Fargeat parte de estereótipos e clichés para fazer o sexo feminino vingar e isso não parece desde logo boa opção. Infidelidade, uma mulher fácil e fraca, homens convencidos e violentos... e nasce Vendeta.


O filme é muito previsível, apregoa um girl power pouco convincente - muito pouco feminista -, demasiado implausível. Há momentos em que apenas vigora o humor negro e irrealista, que pode funcionar algum tempo mas depois torna-se pouco cativante. 

A realizadora faz da protagonista uma super-heroína a toda a prova e o inicial jogo do gato e do rato, depressa muda com o rato a tornar-se, também ele, gato. A vingança a todo o custo é que comanda a acção pelos desertos sem fim em redor da casa de Richard.

Tecnicamente, são de valorizar os planos bem conseguidos, com os cenários desérticos em destaque, e as cores quentes e garridas por toda a parte - seja do sangue, seja do calor. A realizadora utiliza por diversas vezes planos-sequência que tornam a acção mais intensa e entusiasmante.


Mas Vendeta não se segura de pé, nem com todos os mirabolantes feitos da protagonista. Inacreditável quase do inicio ao fim, o filme de Coralie Fargeat poderá ser um curioso guilty pleasure dos fãs do terror mais gore, mas está muito longe de ser um ícone do cinema feminista.

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