*6.5/10*
E eis que, de repente, o MOTELx apresenta um potencial filme de culto na retrospectiva Quarto Perdido. A Filha, de Solveig Nordlund, homenageada nesta edição do festival, é um filme de 2003 que se revelou uma surpresa para o público da sala 3. Nuno Melo, o protagonista da longa-metragem, foi também relembrado na sessão.
Este thriller apresenta-nos a Ricardo Monteiro (Nuno Melo), de 45 anos, um mediático produtor e apresentador de televisão. Acaba de ganhar a Estrela de Ouro para o programa mais popular do ano quando recebe um ultimato da sua filha, Leonor: se ele não voltar para casa a tempo de celebrar o aniversário dos seus 18 anos, nunca mais a verá. Ao chegar a casa, depara-se com o apartamento vazio e a filha desaparecida. Ricardo pensa tratar-se de um jogo, mas na ausência de telefonemas e mensagens começa a preocupar-se. Outra rapariga, mais ou menos da idade de Leonor, Sara, diz poder ajudar a encontrá-la. Mas Sara vai descobrir da pior forma as razões que levaram Leonor a fugir de casa.
A Filha é um filme que começa sem grandes encantos, até com pouca plausibilidade, mais vai, ainda assim, cativando o espectador, em especial quando acontece o desaparecimento de Leonor. Depois disso, a teia de intrigas vai-se traçando, e depressa entramos numa claustrofóbica transformação da personagem de Nuno Melo. Presa e predador trocam de lugar e nem a plateia escapa à tensão incómoda que se vê no grande ecrã.
Há segredos do passado que são bem guardados até ao final, apesar de algumas pistas ao longo do filme nos abrirem os olhos para algo que não está a bater certo. Solveig Nordlund consegue, apesar de alguma ingenuidade inicial, criar um thriller muito intenso, com a personagem de Ricardo a assombrar-nos para lá da sala de cinema. De destacar é, sem dúvida, a interpretação de Joana Bárcia como Sara.
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