Os nomeados para os Oscars 2019 já são conhecidos e não têm faltado análises um pouco por toda a parte. Entre surpresas ou ausências, certo é que esta 91.ª edição tem um conjunto de nomeados muito ecléctico. Não irá haver a polémica do Oscars so white, com actores negros e brancos nomeados e com um filme mexicano nomeado em 10 categorias. Todavia, encontar-se-ão outras polémicas para animar, de certeza, fiquem descansados.
Para começar, dos dez lugares disponíveis para Melhor Filme, apenas oito foram ocupados - sem grandes surpresas entre os escolhidos. Black Panther conseguiu a proeza de ser o primeiro filme de super-heróis a chegar à categoria de Melhor Filme, para compensar o facto da de Filme Popular nem ter chegado a ver a luz do dia.
Black Panther |
Na Academia não há muros
Já Roma é o novo amor de Hollywood. Pena é a Academia querer quebrar preconceitos ao nomear duas actrizes mexicanas que não têm o talento, por exemplo, da polaca Joanna Kulig (Cold War), que ficou de fora e provavelmente nem foi considerada. Não sendo esperado, sempre seria mais justo. Yalitza Aparicio e Marina de Tavira acabaram por tirar o lugar a Emily Blunt, quer para Actriz Principal, com O Regresso de Mary Poppins, quer para Actriz Secundária, com o extraordinário desempenho em Um Lugar Silencioso. Em relação a este que foi, sem dúvida, um dos melhores de 2018, a Academia parece ter tido medo de tanto silêncio e o filme acabou ironicamente nomeado apenas para Melhor Montagem de Som.
Ainda sobre Roma, parece que o filme de Alfonso Cuarón fez a comunidade cinematográfica fazer as pazes com a Netflix. Dez nomeações para o filme e 13, ao todo, para o estúdio, não é nada mau sinal.
De mansinho eles chegam lá
Spike Lee e BlackKklansman surgiram de mansinho mas conseguiram lugar de destaque. Lee conquistou a primeira nomeação para realizador, à qual se soma Melhor Filme, Melhor Argumento, Melhor Actor Secundário (Adam Driver), Melhor Banda Sonora (Terence Blanchard) e Melhor Montagem.
Aos poucos, também o grego Yorgos Lanthimos tem conquistado Hollywood e The Favourite é prova disso com 10 nomeações. O filme está na corrida para Melhor Filme, Realizador, Argumento Original, Design de Produção, Guarda-Roupa, Actriz Principal (Olivia Coleman), Actriz Secundária (aqui a dobrar, Emma Stone e Rachel Weisz), Fotografia e Montagem.
Surpresas e injustiças
First Reformed |
O injustiçado-mor é Ethan Hawke. Totalmente esquecido pela Academia para Melhor Actor. O protagonista de Um Coração na Escuridão (First Reformed) tem ali o papel de uma vida que deveria ser premiado. Já o filme apenas conseguiu a nomeação para Melhor Argumento Original para Paul Schrader.
O Primeiro Homem na Lua (First Man) não conseguiu atingir o buzz dos anteriores filmes de Damien Chazelle e não esperava que conseguisse muitas nomeações. Está na corrida em quatro categorias. As ausências mais notadas são na categoria de Banda Sonora (Justin Hurwitz), Fotografia (Linus Sandgren) e Actriz Secundária para Claire Foy.
Bohemian Rhapsody, o filme biográfico sobre os Queen, foi perdendo fulgor no caminho da award season. Conquistou apenas cinco nomeações - que até é muito, tendo em conta a qualidade do produto final. Já para Melhor Documentário, aquele que à partida seria o favorito à vitória, Won’t You Be My Neighbor?, nem chegou aos nomeados.
Foi com surpresa que constatamos que Bradley Cooper não chegou à categoria de Melhor Realizador e com grande alegria que percebemos que o lugar que faltava foi ocupado pelo fabuloso Paweł Pawlikowski, por Cold War.
Timothée Chalamet (Beautiful Boy) ficou de fora dos nomeados para Melhor Actor Secundário, sendo uma ausência algo notada. Nicole Kidman também não chegou a Melhor Actriz, nem com Destroyer, nem com Boy Erased. Por outro lado, é com surpresa que vemos o van Gogh de Willem Dafoe nomeado para Melhor Actor por At Eternity's Gate.
Adeus "mulheres ao poder"
Can You Ever Forgive Me? |
Este ano, o women empowerment não passa da ficção - com personagens femininas fortes em muitos dos filmes nomeados. No mundo real, não há realizadoras nomeadas - o ano passado Greta Gerwig marcou a diferença. Não sendo eu apologista que se premeie alguém só por ser do sexo feminino ou masculino, mas sim pelo talento, dou algumas sugestões de realizadoras talentosas que fizeram um trabalho digno de nomeação em 2018. Lynne Ramsay (Temos de Falar Sobre Kevin, de 2011), com o fabuloso Nunca Estiveste Aqui (You Were Never Really Here) protagonizado por Joaqun Phoenix; Marielle Heller, com Can You Ever Forgive Me? - que, por acaso, está nomeado para três Oscars -; Chloé Zhao, com The Rider; Debra Granik (realizadora de Despojos de Inverno, de 2010, nomeada para Melhor Argumento Adaptado, em 2011), com Leave No Trace; Tamara Jenkins (realizadora de Os Savages, de 2007, nomeada para Melhor Argumento Original, em 2008), com Private Life; ou Karyn Kusama, com Destroyer, são alguns exemplos. Talvez para o ano.
Mas o meu real apelo é: premeiem talento e não cores de pele, nacionalidades, géneros, estereótipos ou preconceitos. Nós gostamos de bom cinema, não gostamos de politiquice ou hipocrisia à mistura. Talento sim, por favor!
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