Mais uma família disfuncional a tomar conta do ecrã e da nossa atenção. Ainda para mais, as três mulheres da casa de Sharp Objects são tão misteriosas e perturbadas como sedutoras. A minissérie da HBO, realizada por Jean-Marc Vallée e baseada no primeiro livro de Gillian Flynn (2006), deixa-nos completamente presos à televisão.
São oito episódios viciantes que nos apresentam à repórter Camille Preaker (Amy Adams), de volta à sua terra natal, Wind Gap, para investigar o homicídio de duas jovens. Terá de lidar não só com os seus próprios distúrbios emocionais, mas também com a mãe instável e uma meia-irmã que mal conhece.
O passado regressa e assombra. Pior é quando continua demasiado presente. É o caso de Camille Preaker e da sua estranha família. O ambiente é sinistro, tal como as mortes das duas adolescentes que perturbam Wind Gap e fazem vir ao de cima, mais ainda, os "vícios" das cidades pequenas. Rumores, ignorância, infelicidade, preconceitos.
Sharp Objects mergulha-nos no terror da protagonista - o que vai na sua cabeça, o que percorre o seu corpo e aquele que a rodeia e ameaça. O ritmo, por vezes frenético, a que funciona a cabeça de Camille desafia-nos nos primeiros episódios, mas depressa nos habituamos aos pesadelos, flashbacks ou premonições. De repente, o espectador dá por si a ter alucinações quase tão reais como as de Camille, com cada episódio a provocar o nosso cérebro com palavras que mudam, pequenos pormenores escondidos, tudo numa amálgama de pistas para também nós construirmos a nossa investigação.
O argumento é, sem dúvida, o ponto mais entusiasmante de Sharp Objects, com a psicologia das personagens a tomar conta da maior parte da acção. Ao mesmo tempo, Vallée não tem qualquer receio em filmar cenas mais gráficas - o choque aqui é fundamental -, e o trabalho de caracterização/efeitos especiais é muito realista. Morte, violação e distúrbios psiquiátricos todos os temas se juntam nesta minissérie.
A acrescentar, o trio feminino protagonista faz um excelente trabalho com Patricia Clarkson a dominar todas as cenas em que surge. Ela é Adora, uma mulher respeitada e influente na comunidade, a mãe ultra-protectora e traumatizada, de aparente fragilidade que depressa se transforma em manipulação e ameaça. Segue-lhe de perto a prestação de Amy Adams, na pele da jornalista determinada mas aterrorizada pelo passado que deixou cicatrizes que as roupas escondem. O dilema que vive em si é interiorizado pela actriz que o explora de forma contida, tal como Camille é. Já a australiana Eliza Scanlen interpreta a meia-irmã da protagonista, Amma, com uma dualidade entre o angelical e o provocador, o inocente e o astuto.
E porque a mente humano é o primeiro dos mistérios, Sharp Objects é um excelente desafio para fãs de thrillers psicológicos, com elementos de terror qb, e interpretações magnéticas.
O argumento é, sem dúvida, o ponto mais entusiasmante de Sharp Objects, com a psicologia das personagens a tomar conta da maior parte da acção. Ao mesmo tempo, Vallée não tem qualquer receio em filmar cenas mais gráficas - o choque aqui é fundamental -, e o trabalho de caracterização/efeitos especiais é muito realista. Morte, violação e distúrbios psiquiátricos todos os temas se juntam nesta minissérie.
A acrescentar, o trio feminino protagonista faz um excelente trabalho com Patricia Clarkson a dominar todas as cenas em que surge. Ela é Adora, uma mulher respeitada e influente na comunidade, a mãe ultra-protectora e traumatizada, de aparente fragilidade que depressa se transforma em manipulação e ameaça. Segue-lhe de perto a prestação de Amy Adams, na pele da jornalista determinada mas aterrorizada pelo passado que deixou cicatrizes que as roupas escondem. O dilema que vive em si é interiorizado pela actriz que o explora de forma contida, tal como Camille é. Já a australiana Eliza Scanlen interpreta a meia-irmã da protagonista, Amma, com uma dualidade entre o angelical e o provocador, o inocente e o astuto.
E porque a mente humano é o primeiro dos mistérios, Sharp Objects é um excelente desafio para fãs de thrillers psicológicos, com elementos de terror qb, e interpretações magnéticas.
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