quarta-feira, 3 de novembro de 2021
Crítica: Presos no Tempo / Old (2021)
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Crítica: Sempre o Diabo / The Devil All the Time (2020)
"Blessed are those that hunger and thirst for righteousness."
Rev. Preston Teagardin
*8/10*
Sempre o Diabo (The Devil All the Time), de Antonio Campos, é um retrato violento e trágico de uma América profunda de meados dos anos 50, onde personagens se cruzam e definem o destino umas das outras, numa narrativa circular.
Baseado no romance homónimo de Donald Ray Pollock - curiosamente, é ele o narrador da história -, não estamos perante um filme de fácil visualização. Acima de tudo, Sempre o Diabo leva-nos ao pior de cada ser humano, um mal que faz vítimas por onde vai passando.
"No pós-guerra, numa localidade do interior, assolada pela corrupção e pela brutalidade, um jovem dedica-se a proteger quem ama das personagens sinistras que o rodeiam."
Antonio Campos filma um retrato cruel de um local e da sua gente, dos seus costumes e ignorância, e a existência de uma família malfada pela religião obsessiva e cheia de vícios que a rodeia e sufocava.
Entre o fervor religioso, a guerra, os abusos, a doença, o bullying, serial killers, corrupção e muitas mortes, há uma justiça implacável que passou de pai para filho, e que comanda os actos do protagonista. A justiça e o amor à sua família são os motores que o fazem agir e continuar em frente, perante todas as adversidades.
Sempre o Diabo prima pelo argumento que se fecha num círculo perfeito. As histórias das personagens tocam-se nas coincidências mais prováveis, com naturalidade. Mas destaca-se também pelo ambiente pesado e sombrio que carrega em cada cena, e não augura felicidade. Filmado em 35mm (algo pouco habitual no streaming), a película adensa a ambiente "sujo" e soturno que se vive no ecrã.
A perversão das personagens deu aso de grandes desempenhos do elenco: Tom Holland é o jovem protagonista, magoado, duro, com valores bem vincados no seu carácter - um actor que vemos crescer e transformar-se no grande ecrã -; Robert Pattinson, como Reverendo Preston, é um monstro da transfiguração e o confirmar do grande actor em que se tornou; Bill Skarsgård está excelente na pele do apaixonado soldado marcado pelos horrores da guerra, que tenta reencontrar-se na religião; e Riley Keough transforma-se ao longo do filme, uma mulher em decadência física e psicológica, incapaz de fugir ao destino que escolheu.
Destinos cruzam-se neste ambiente hostil e brutal que Antonio Campos é tão bem capaz de transpor para o grande ecrã. Sempre o Diabo é uma experiência violenta e imersiva com interpretações de tirar o fôlego.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
Crítica: Mulherzinhas / Little Women (2019)
Clássica e feminina, Greta Gerwig emancipou-se a par das suas Mulherzinhas, numa adaptação cinematográfica especialmente bem concretizada. Enquanto realizadora, cresceu a olhos vistos e começa a ganhar identidade; como argumentista ganhou uma maturidade inspiradora.
Louisa May Alcott era uma mulher à frente no seu tempo e ver, em pleno século XXI, a adaptação cinematográfica de um romance do século XIX, sentindo-o tão actual, com problemáticas feministas que ainda hoje se colocam, de uma forma ou de outra, mostra como Greta incorporou bem as ideias da autora norte-americana e adaptou-as ao ecrã de um modo moderno e singular.
Jo é a feminista emancipada que sonha ser independente através do seu dom para a escrita e está decidida que não precisa de casar para ser feliz. Tão focada na sua independência e individualidade enquanto mulher, de repente, vê-se rodeada de solidão. O talento para a escrita desvanece-se a par dos laços, esses que a inspiravam e a motivavam a criar histórias, sem esforço. Saoirse Ronan encaixa perfeitamente na personagem, destemida, corajosa e cheia de garra - com o orgulho por vezes a prejudicá-la. Emma Watson é Meg, a mais velha e mais tradicional das quatro irmãs. Apaixonada pelo teatro, ambiciona casar e ter filhos, com alguém que realmente ame, independentemente do dinheiro que possua. Amy é a mais nova, quer ser pintora mas cedo percebe que pintar nunca lhe garantirá o futuro. Uma jovem mimada, apaixonada, por vezes maliciosa, mas especialmente esclarecida. Florence Pugh interpreta-a com a fúria e clarividência que a personagem pede. Beth, num desempenho doce e tranquilo de Eliza Scanlen, é frágil mas apaziguadora, dotada para a música, protectora e protegida das irmãs. Laura Dern - numa interpretação contida mas dotada de emoção - é a mãe protectora e compreensiva, uma mulher sempre pronta a ajudar o próximo. Aparentemente feliz e paciente, guarda em si preocupação e raiva que insiste em não revelar. Meryl Streep é a Tia March, uma mulher rica, mas solitária e desagradável, que faz questão de relembrar as sobrinhas do fado que espera uma mulher sem dinheiro.
As personagens femininas são apaixonantes e inspiradoras. Modernas na sua concepção clássica. As suas personalidades transformam esta versão de Mulherzinhas num trabalho singular. Os planos sequência, os diálogos aguerridos, o guarda-roupa pensado ao pormenor e a banda sonora de Alexandre Desplat, tudo se funde para criar este clássico moderno do século XXI.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
Sugestão da Semana #414
Ficha Técnica:
Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Meryl Streep, Timothée Chalamet
Género: Drama, Romance
Duração: 135 minutos
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
Opinião: Minisséries - Sharp Objects / Objetos Cortantes (2018)
O argumento é, sem dúvida, o ponto mais entusiasmante de Sharp Objects, com a psicologia das personagens a tomar conta da maior parte da acção. Ao mesmo tempo, Vallée não tem qualquer receio em filmar cenas mais gráficas - o choque aqui é fundamental -, e o trabalho de caracterização/efeitos especiais é muito realista. Morte, violação e distúrbios psiquiátricos todos os temas se juntam nesta minissérie.
A acrescentar, o trio feminino protagonista faz um excelente trabalho com Patricia Clarkson a dominar todas as cenas em que surge. Ela é Adora, uma mulher respeitada e influente na comunidade, a mãe ultra-protectora e traumatizada, de aparente fragilidade que depressa se transforma em manipulação e ameaça. Segue-lhe de perto a prestação de Amy Adams, na pele da jornalista determinada mas aterrorizada pelo passado que deixou cicatrizes que as roupas escondem. O dilema que vive em si é interiorizado pela actriz que o explora de forma contida, tal como Camille é. Já a australiana Eliza Scanlen interpreta a meia-irmã da protagonista, Amma, com uma dualidade entre o angelical e o provocador, o inocente e o astuto.
E porque a mente humano é o primeiro dos mistérios, Sharp Objects é um excelente desafio para fãs de thrillers psicológicos, com elementos de terror qb, e interpretações magnéticas.
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"It's the little things that are important, Jimmy. It's the little things that get you caught." Deacon *6/10* Um thriller...
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"I'm making chocolate, of course. How do you like it? Dark? White? Nutty? Absolutely insane." Willy Wonka *7/10* Os primeiros ...