O Family Film Project – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia começa esta Segunda-feira, dia 14, e prolonga-se até dia 19 de Outubro, no Porto. O programa coloca-se sobre as fronteiras conceptuais do cinema e no diálogo com outras artes e áreas do pensamento, e inclui sessões de cinema, uma masterclass, performances, uma oficina para crianças e vídeo-instalações.
Dentro das zonas temáticas do festival encontram-se Vidas e Lugares (com enfoque no registo voyeurístico, biográfico ou documental de habitat de quotidianos), Memória e Arquivo (dedicada a olhares criativos a partir de testemunhos e found footage) e Ligações (centrada nas dinâmicas interpessoais e comunitárias), com um espaço dedicado também à Ficção e Animação, com a produção nacional a ocupar um lugar de destaque este ano. Catarina Mourão (O Mar Enrola na Areia), David Doutel e Vasco Sá (Agouro), Dídio Pestana (Sobre Tudo Sobre Nada), Ivo M. Ferreira (Equinócio), João Salaviza (Altas Cidades de Ossadas), João Vladimiro (Anteu), Leonor Noivo (Tudo O Que Imagino) e Regina Pessoa (Tio Tomás, a Contabilidade dos Dias) são alguns realizadores com obras no Family Film Project 2019.
Cláudia Varejão é a artista convidada desta edição: Ama-San, a sua mais recente longa-metragem, é exibida na noite de abertura do festival e No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos, documentário de 2016 para assinalar os 40 anos da Companhia Nacional de Bailado, é apresentado pela realizadora na cerimónia de entrega de prémios. Haverá ainda uma sessão com a trilogia de curtas-metragens Fim-de-semana, Um dia Frio e Luz da Manhã e uma conversa sobre a obra da cineasta moderada pelo crítico de cinema Luís Miguel Oliveira.
Jaimie Baron vai abordar a relação entre estética e ética na apropriação de materiais de arquivo com carácter privado ou íntimo para fins cinematográficos numa masterclass intitulada (Re)exposing Intimate Traces: Archive, Ethics and the Multilayered Gaze. A norte-americana é autora do livro The Archive Effect: Found Footage and the Audiovisual Experience of History, e tem vindo a firmar-se como um nome importante do pensamento contemporâneo sobre o tema do arquivo e do cinema de found-footage.
Pela primeira vez, o Family Film Project estabelece um intercâmbio cinematográfico com o (In)appropriation – Festival de Cinema Experimental de Found-footage. Haverá uma sessão inteiramente dedicada ao cinema de arquivo, com uma selecção de dez curtas-metragens cedidas pelo festival parceiro norte-americano.
A vídeo-instalação está de regresso e, à semelhança das edições anteriores, o ciclo Private Collection apresenta propostas performáticas de abordagem ao arquivo, à memória, ao corpo e às imagens: Nymphomaniac, de Aurora Pinho, rEVOLUÇÃO, de Beatriz Albuquerque, Diaporama v.2, de Cesário Alves, A morte do artista / Not my cup of tea, de Mara Andrade e ainda o jantar-performance LandMarks #5 – The delay or vicious cycle, de Rebecca Moradalizadeh.
Tio Tomás, a Contabilidade dos Dias, de Regina Pessoa |
Para os mais novos, há uma oficina de cinema de animação orientada pelas realizadoras Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues. Imagens lá de Casa é uma oficina que visa a sensibilização em torno da memória e da história da família. Os participantes são convidados a criar e a reflectir sobre as suas fotografias de família e, através de exercícios que permitem a ilusão de movimento na imagem, será explicado como funciona a criação da animação.
Este ano, o Family Film Project acontece no Cinema Trindade, Cinema Passos Manuel, Maus Hábitos e Coliseu Porto Ageas.
Toda a informação sobre o festival em familyfilmproject.com.
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