terça-feira, 1 de outubro de 2019

Crítica: Skin - História Proibida (2018)

"Guys like this only have three options: die young, life in prison, or, they start talking."
Daryle Jenkins


*7/10*

Num mundo cada vez mais extremista e intolerante, marcado por populistas negacionistas à frente de alguns dos maiores países do planeta, é bom que surjam filmes como Skin - História Proibida, para confrontar a humanidade. O ódio cego que se gera - e de que os Estados Unidos da América são um dos mais claros incitadores desde a sua existência enquanto país - tem de ser atacado e desconstruído de todas as formas. E é bom que continuemos a ter esperança na mudança de mentalidades. Afinal, todos merecem a redenção.

As semelhanças com América Proibida (1998) são muitas, desde logo na temática racista que aborda (e o título português, claro). Realizado por Guy Nattiv, vencedor de um Oscar com a curta-metragem homónima, Skin é a longa subordinada ao mesmo tema, sem ter propriamente continuidade da história. O filme baseia-se numa história verídica e dá um sinal de esperança à humanidade.


O jovem indigente Bryon Widner (Jamie Bell), criado por skinheads racistas e notório entre os supremacistas brancos, vira as costas ao ódio e à violência para transformar a sua vida, com a ajuda de um activista negro e da mulher que ama.

Skin é um trabalho bem construído com um argumento já muito explorado na Sétima Arte, todavia, Jamie Bell dá-lhe uma singularidade notável. O protagonista assume um papel bem diferente do que nos habituou na sua filmografia. O actor de Billy Elliot surge quase irreconhecível, encarnando uma personagem com um dilema fracturante, onde o medo comanda acções e a violência, que começa por ser o prato do dia para Bryon, se desfaz. O ódio dá lugar ao amor mas a impunidade, pelo menos aqui, não reina.

A dor - física e psicológica - assume um papel quase omnipresente no filme de Guy Nattiv que a consegue trabalhar com talento e, com Bell no ecrã, tudo se torna mais fácil. Ao seu lado, Danielle Macdonald tem uma prestação realista, é a mãe solteira que quer proteger ao máximo as três filhas, mantém a distância do passado ligado aos grupos de supremacia branca e vê-se, inesperadamente, apaixonada por um skinhead. Ainda de destacar é a alucinada Shareen, a figura maternal daquele grupo racista, encarnada por uma Vera Farmiga totalmente manipuladora e doentia.

A banda sonora de Dan Romer condiz com as personagens, intensa e incómoda. Chama-nos à razão e está longe de passar despercebida. 


Skin mostra-nos como é ainda possível derrubar o ódio, e como, actualmente, continua a ser fundamental não esquecer estes crimes. Porque o Cinema também serve para (re)educar.

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