segunda-feira, 27 de julho de 2020

Crítica: Jah Intervention / Intervenção Jah (2019)

*7.5/10*


Jah Intervention é uma performance poderosa, numa conjunção entre dança e luta, uma forma de expressão e de manifestação. Contra o racismo e contra a violência.

A curta-metragem realizada por Daniel Santos, e escrita e interpretada por Welket Bungué, tem passado por diversos festivais no mundo inteiro, e conquistou recentemente uma menção honrosa no  Screen.dance Film Festival, na Escócia, e está agora em competição no Moovy Tanzfilmfestival, em Colónia, na Alemanha.

"Intervenção Jah visa uma caminhada simbólica até à exaustão. A intervenção propõe o aquecimento pré-liminar que antecede um combate de titãs num ringue de boxe. A intervenção consiste no movimento do performer intuindo a queda repentina quando afectado por perfurações por balas de armas semi-automáticas. Segundo os resultados divulgados em 2017, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as pessoas negras no Brasil ainda representam mais de metade da população do país. Entre 2005 e 2015 o número de pessoas negras assassinadas aumentou 18% e isso nos tornou também a maior parte das vítimas de homicídio, tendo correspondido a 71% do total de corpos registados." 


A presença de Welket Bungué domina o ecrã, com as desigualdades do Rio de Janeiro como pano de fundo: o Corcovado de um lado, a favela do outro. Eis a grandiosidade de um país desconstruído pela câmara de Daniel Santos e pela interpretação de Welket

A banda sonora envolve-nos ainda mais no manifesto de Jah Intervention, dando ritmo aos movimentos de libertação do actor, onde o olhar directo à câmara coloca também em nós espectadores, a responsabilidade de agir e lutar. É no Brasil, mas podia ser em Portugal, nos Estados Unidos da América ou em outras partes do mundo.

Daniel Santos e Welket Bungué trazem-nos um filme sensorial e profundo, onde o corpo, o olhar e a cidade se cruzam e assumem o comando da acção e das acções.

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