*5.5/10*
Macabro, de Marcos Prado, faz parte da secção Serviço de Quarto do MOTELx 2020, e traz-nos terror directamente do Brasil. A temática da violência e do racismo estão no centro da história, inspirada num caso real, que aconteceu no país nos anos 90.
"Na década de 1990, dois irmãos são acusados de assassinarem oito mulheres, um homem e uma criança de forma brutal na região da Serra dos Órgãos, no distrito do Rio de Janeiro. No encalço dos suspeitos, o sargento Téo percebe que o julgamento da imprensa, polícia e sociedade local é fundamentalmente racista, e começa a ter dúvidas acerca da condenação de um deles. Baseado numa história real, o filme é uma obra de ficção inspirada no famoso caso dos 'irmãos necrófilos', considerado uma das mais longas e difíceis operações do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais)."
Macabro é muito bom em mostrar a mentalidade racista, machista e retrograda, bem como o fervor religioso (e supersticioso), de uma pequena comunidade isolada entre as montanhas, com abusos, preconceito e desconfiança ao comando. Ao mesmo tempo, a longa-metragem toca também na promiscuidade policial, mostrando como todas as personagens têm duas caras, até mesmo o sargento protagonista.
Mas o filme receia, contudo, ser tão violento quanto o título propõe - e ganharia pontos, ao apostar realmente na crueza das imagens -, caindo por vezes no drama romântico do passado do protagonista Téo. Sente-se ainda uma simplificação na construção da personalidade dos irmãos necrófilos, sem grande profundidade psicológica, como se os problemas do pai justificassem os actos dos filhos. O filme acaba mesmo por fazer muito daquilo que pretende criticar e isso não é justificável.
Ainda assim, o realizador Marcos Prado sabe criar a tensão necessária e o suspense para manter a curiosidade do espectador - e cria alguns bons momentos de acção. A utilização de notícias da época para ilustrar a pesquisa da investigação policial é outro ponto positivo da longa-metragem, sugerindo à plateia que conheça mais do caso que inspirou este filme - o que aconselhamos, para perceber as grandes diferenças entre realidade e ficção.
A vingança comanda os actos do assassino, o medo e a impunidade comandam as acções dos populares. Mas, no final, a justiça não é igual para todos - essa é a principal lição a retirar de Macabro.
Ainda assim, o realizador Marcos Prado sabe criar a tensão necessária e o suspense para manter a curiosidade do espectador - e cria alguns bons momentos de acção. A utilização de notícias da época para ilustrar a pesquisa da investigação policial é outro ponto positivo da longa-metragem, sugerindo à plateia que conheça mais do caso que inspirou este filme - o que aconselhamos, para perceber as grandes diferenças entre realidade e ficção.
A vingança comanda os actos do assassino, o medo e a impunidade comandam as acções dos populares. Mas, no final, a justiça não é igual para todos - essa é a principal lição a retirar de Macabro.
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