domingo, 20 de dezembro de 2020

Crítica: Ma Rainey: A Mãe do Blues / Ma Rainey's Black Bottom (2020)

*7/10*

Ma Rainey: A Mãe do Blues (Ma Rainey's Black Bottom) estreou sob chancela da Netflix, numa adaptação cinematográfica da peça de teatro de August Wilson, realizada por George C. Wolfe.

"Chicago, 1927. A tensão e a temperatura estão ao rubro durante uma tarde de gravações enquanto a banda aguarda por Ma Rainey (Viola Davis). Atrasada, a feroz Ma envolve-se numa batalha com o agente pelo controlo da sua música. Enquanto a banda aguarda na pequena sala de ensaios, o ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) - de olho na namorada de Ma e determinado a deixar a sua própria marca na indústria musical - incita os colegas a partilharem um mar de histórias reveladoras de verdades que vão alterar a vida de todos para sempre."

A componente teatral é característica vincada no filme de George C. Wolfe e faz todo o sentido que assim seja. Toda a acção passa-se apenas num dia, e o tempo corre entre ensaios, gravação, conversas e discussões acesas. A tensão está sempre presente, seja por pontos de vista distintos sobre música ou religião, formas de estar na vida e, claro, o controlo da música de Ma Rainey.

Viola Davis capta na perfeição movimentos, postura e modo de falar da artista, de presença forte e personalidade difícil, fazendo-se valer do seu talento para reivindicar os seus direitos. No entanto, mesmo que Ma Rainey: A Mãe dos Blues sugira que Davis é a grande estrela do filme, certo é que é Chadwick Boseman quem mais brilha e se destaca. O actor, falecido este ano, rouba todas as atenções quando está em cena, na pele de um trompetista ambicioso e traumatizado, com mudanças de humor capazes de aterrorizar. Um excelente desempenho no derradeiro filme de Boseman. O elenco de secundários tem igualmente prestações de destaque com Colman DomingoGlynn Turman e Michael Potts, na pele dos restantes músicos da banda, e Jeremy Shamos, que interpreta o agente de Ma.

George C. Wolfe traz-nos uma celebração do blues e da figura de Ma Rainey, num filme dinâmico, com bons diálogos e grandes desempenhos, onde caracterização, guarda-roupa e direcção artística dão o toque de mestre para a viagem no tempo acontecer.

Sem comentários: