sábado, 19 de dezembro de 2020

Crítica: Para Sama / For Sama (2019)

"Sama. You're the most beautiful thing in our life. But what a life I've brought you into. You didn't choose this. Will you ever forgive me?"

Waad Al-Khateab

*8.5/10*

Para Sama, de Waad Al-Kateab e Edward Watts, leva-nos para o centro do conflito em Alepo, na Síria, entre 2012 e 2017, e filma os acontecimentos na primeira pessoa, de uma perspectiva feminina, como mulher e mãe. Um documentário muito à semelhança de The Cave, de Feras Fayyad, também de 2019 - ambos nomeados para o Oscar de Melhor Documentário em 2020.

Em The Cave, acompanhámos uma médica nos hospitais improvisados de Alepo, constante alvo de bombardeamentos. Em Para Sama, esta realidade é também registada, mas o filme de Waad Al-Kateab e Edward Watts é, principalmente, um retrato de como é ser mãe no meio de uma guerra, ao mesmo tempo que filma o primeiro ano de uma criança neste cenário de terror.

"Para Sama é simultaneamente uma viagem íntima e épica pela experiência feminina da guerra. Uma carta de amor de uma jovem mãe para a sua filha, o filme conta a história de vida de Waad al-Kateab durante cinco anos de revolta em Alepo, na Síria, ao mesmo tempo que se apaixona, se casa e tem a filha Sama, tudo enquanto o conflito devastador cresce à sua volta. A sua câmara captura histórias incríveis de perda, alegria e sobrevivência enquanto Waad luta com uma escolha impossível – fugir ou não da cidade para proteger a vida da filha, quando sair significa abandonar a luta pela liberdade, pela qual já sacrificou tanto."

Para Sama é tão comovente como brutal, um filme activista, feminista, mas também um acto de amor a uma cidade e aos amigos e família que se criaram ao longo de cinco anos. Waad al-Kateab filma a resistência das pessoas, as pequenas alegrias entre os ataques, a entreajuda, o amor, mas também a morte, o desgosto e o terror.

Waad começou a filmar para revelar ao mundo as atrocidades que a televisão síria não mostrava. Ao embarcar nesta revolução, iniciada em 2012, a sua câmara de filmar tornou-se parceira, qual diário de bordo onde regista todos os acontecimentos. A certo momento, as muitas horas de filmagens ganham um novo propósito: passa a ser a história da sua família, criada entre bombardeamentos, mortos e feridos. Waad casou, engravidou e Sama nasceu. Para Sama é todo para si - e para o mundo.

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