O Doclisboa regressa este mês com mais dois momentos, desta vez online. Ficaram Tantas Histórias por Contar acontece de 18 a 24 de Fevereiro, e Arquivos do Presente tem lugar entre 25 de Fevereiro e 3 de Março. O Hoje Vi(vi) um Filme deixa-te algumas sugestões de filmes que não deves perder.
Ficaram Tantas Histórias por Contar
A Morte Branca do Feiticeiro Negro (The White Death of the Black Wizard), de Rodrigo Ribeiro
"Memórias do passado esclavagista brasileiro transbordam em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um ensaio poético visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilidade do povo negro em diáspora, numa jornada íntima e sensorial."
"Em 1904, Ësáasi Eweera, o último líder bubi que se opôs ao domínio espanhol na actual ilha de Bioco (Guiné Equatorial), foi detido por guardas coloniais e levado à força para a capital da colónia, onde morreu passados três dias. A sua aldeia natal foi incendiada e a maior parte dos seus habitantes desapareceu. Alguns relatos orais sobreviveram e opuseram-se à versão oficial espanhola, procurando contribuir para uma espécie de memória colectiva emancipada. O filme procura reflectir sobre as lacunas, os silêncios, as contradições e as falsidades sobre os quais assenta normalmente a história colonial."
"México, Março de 2015. Carmen Aristegui, jornalista incorruptível, é despedida da estação de rádio onde trabalha há anos. Mas Carmen prossegue com a sua batalha: consciencializar e lutar contra a desinformação. O filme conta a história dessa missão difícil e perigosa, mas essencial para a saúde da democracia. Uma história em que a resistência se torna numa forma de sobrevivência."
"Um ensaio totalmente constituído por fotografias de arquivo e documentos do primeiro grande massacre de judeus na Roménia: na cidade de Iași, a 29 de Junho de 1941, foram mortos mais de 10 000 – primeiro, à bala; depois, por asfixia em comboios de mercadorias. Na primeira parte do filme, fotografias das pessoas que acabaram por ser mortas pelo exército romeno e por civis são acompanhadas por vozes que recitam os documentos relacionados com o destino do massacre. A segunda parte é uma montagem das restantes fotografias do massacre em si (tiradas na sua maioria por soldados alemães que estavam na cidade)."
The Dream (Al-Manam), de Mohammad Malas
"Rodado em 1980 e 81, o filme é composto por entrevistas com vários refugiados palestinianos, incluindo crianças, mulheres, velhos e militantes dos campos refugiados de Sabra, Chatila, Bourj el-Barajneh, Ain al-Hilweh e Rashidieh, no Líbano. Malas, que viveu nos campos durante a rodagem e entrevistou mais de 400 pessoas, pergunta pelos sonhos à noite e estes convergem sempre na Palestina. Em 1982, deram-se os massacres de Sabra e Chatila, que mataram várias das pessoas que entrevistara, e Malas deixou de trabalhar no projecto, ao qual regressou em 1986."
Arquivos do Presente
Antena da Raça (Race Antenna), de Paloma Rocha e Luís Abramo
"O filme apropria-se e discute a realidade brasileira com base em diálogos, excertos e cenas dos filmes viscerais de Glauber Rocha e no seu desejo de “retirar as máscaras” da saga terceiro-mundista do Brasil. A loucura lúcida das fábulas glauberianas está na rua e na política, sendo o povo hoje o contra-campo dos personagens dos seus filmes."
"Bulletproof analisa as complexidades da violência nas escolas através das estratégias empregues para a sua prevenção. O filme atenta nos rituais de longa data dentro e em torno das escolas americanas: desfiles de regresso a casa, treinos de basquetebol e aulas de matemática. Em paralelo, desenrola-se um conjunto de tradições mais recentes: exercícios de encerramento, treino de armas de fogo para professores, rastreios com detectores de metais e feiras de segurança escolar. Um olhar para lá das causas e respostas imediatas aos massacres numa meditação sobre as forças que moldam a cultura de violência nos EUA."
"No seguimento de um levantamento popular em Outubro de 2014, o Burquina Faso compromete-se com um voto histórico. Graças a um movimento liderado pela geração jovem, é a primeira vez que o país testemunha uma mudança de governo por via das urnas eleitorais."
"De acordo com o mito ainda vigente nas cidades de carvão da Patagónia, se uma mulher entrar numa mina, a terra fica ciumenta. Segue-se colapso e morte. O filme parte de uma experiência pessoal sombria para se centrar no silêncio de mulheres que vivem em aldeias de homens. Como filmar onde a própria presença é proibida? Como registar os ecos do que não soa? Com o nevoeiro e o fumo da central eléctrica a cobrir a cidade, as vozes das mulheres de Río Turbio forçam a passagem entre o branco do gelo e o zumbido das máquinas de perfuração até rebentarem com a estrutura de silêncio."
Mais informações sobre o festival em https://doclisboa.org/2020/.
Sem comentários:
Enviar um comentário