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sábado, 27 de março de 2021

Crítica: A Grande Escavação / The Dig (2021)

"From the first human handprint on a cave wall, we're part of something continuous. So, we... don't really die."

Basil Brown

*7.5/10*

A Grande Escavação (The Dig), de Simon Stone, faz um elogio a duas personalidades responsáveis por uma das maiores descobertas arqueológicas da História da Inglaterra. Ao mesmo tempo, o filme compõe um intenso quadro visual, enquanto os dilemas e receios de uma Segunda Guerra Mundial assombram todas as personagens.

"Com o aproximar da Segunda Guerra Mundial, uma viúva abastada contrata um arqueólogo amador para escavar antigas estruturas funerárias na sua propriedade. Quando fazem uma descoberta histórica, os ecos do passado britânico enfrentam um futuro incerto‎."

Baseado no romance de John Preston e adaptado para cinema por Moira Buffini, A Grande Escavação é um elogio à arqueologia e à sua importância para contar o passado longínquo às gerações presentes e futuras.

A preservação de artefactos dos antepassados de uma civilização, o reconhecimento por quem dedica a vida à descoberta de vestígios da História e a eminência da guerra e da morte a pairar são os focos da acção do filme de Simon Stone. A defesa da memória é a grande mensagem da longa-metragem que, para além das descobertas museológicas, destaca ainda a importância da fotografia como mais um suporte físico que perdura no tempo, testemunhando, para o futuro, tempos há muito passados.

Destaque para Carey Mulligan e Ralph Fiennes com duas prestações muito discretas mas carregadas de uma paixão comum - a arqueologia. E se Mulligan surge na pele de Edith Pretty, uma mulher frágil e doente, que vive para o filho e para os tesouros que acredita estarem escondidos debaixo dos montes de terra no seu terreno, Fiennes como Basil Brown será a esperança de os encontrar. Um homem dedicado, experiente, dos maiores conhecedores da terra (e dos astros), contudo desvalorizado pelos seus pares por não ter estudos.

Com direcção de fotografia de Mike Eley, A Grande Escavação oferece-nos planos dinâmicos e envolventes, e transforma paisagens tristes, simples e despidas, em imagens de grande beleza e vida, com especial foco na terra e nos céus, na vida e na morte.

Para além da homenagem que presta, Simon Stone eleva a fasquia e traz-nos muito mais do que um filme histórico: a memória colectiva divide-se entre a alegria da descoberta na escavação e o pavor da guerra, numa obra estimulante e carismática.

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