"Despite all of the shit in her life, she's made something of herself and you can't take it because she's strong, beautiful and black."
Jimmy Fletcher
*6.5/10*
Estados Unidos vs. Billie Holiday relata alguns anos na vida da estrela de jazz, acompanhando a perseguição que o FBI lhe fez, ao mesmo tempo que retrata o racismo intrínseco nos EUA, desde a sua origem enquanto país até aos dias de hoje. Andra Day é estrondosa como protagonista.
"A lendária Billie Holiday, uma das maiores intérpretes de jazz de todos os tempos, foi adorada por fãs de todo o mundo durante a maior parte da sua carreira. Na década de 1940, em Nova Iorque, o governo federal perseguiu Holiday no âmbito de um esforço crescente para escalar e racializar a guerra contra a droga, procurando impedi-la de cantar a sua controversa e comovente balada Strange Fruit."
A importância do tema Strange Fruit para o decorrer da narrativa de Estados Unidos vs. Bille Holiday é central, já que a vida da cantora dependerá de interpretar ou não a canção nos seus espectáculos, tão desejada pelo seu público. A mágoa e revolta que as palavras cantadas provocam, ao relatar os linchamentos aos negros no Sul dos Estados Unidos, tinham uma força que os racistas temiam. A longa-metragem ganharia ao focar-se ainda mais neste tema e nas dúvidas que atormentavam Holiday.
Andra Day não é a primeira a interpretar Billie Holiday. Em 1972, Diana Ross também vestiu a pele da cantora de jazz em Lady Sings the Blues. Contudo, Andra é fabulosa. Treinou a voz para conseguir o tom grave e rouco da cantora, começou a fumar e a beber, perdeu peso, entregou-se a uma interpretação tão física como psicológica, sem problemas com cenas de nudez, violência ou de consumo de heroína, e é capaz de dotar a personagem de um carisma imenso em palco e de uma incapacidade de amor próprio nos momentos de maior fragilidade. Andra é frágil e forte, dominada mas decidida, apaixonada, magoada, corajosa mas influenciável. A cantora e actriz percorre uma série de estados de alma, mas o olhar vazio e desalentado é capaz de nos arrebatar.
Rodado em película de 16 e 35mm, o filme transporta-nos para a época dos momentos retratados e confere uma maior intimidade entre a plateia e a acção. Também a direcção artística e o guarda-roupa são pontos fortes da longa-metragem, retratando tanto o glamour como a decadência que rodeavam Billie Holiday.
E se, apesar de se esforçar, Lee Daniels não traz uma obra inesquecível, certo é que há bons momentos a reter, boa música, e uma forte aura de luta pelos direitos civis a pairar, tão actual naquele momento como na actualidade. Já Andra Day canta, encanta e honra a memória de Lady Day.
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