sexta-feira, 7 de maio de 2021

Crítica: Minari (2020)

"Remember what we said when we got married? That we'd move to America and save each other?"

Jacob

*5/10*

Minari é um retrato do sonho americano para muitos imigrantes sul coreanos nos anos 80. Sensível mas nada provocador ou disruptivo, o filme de Lee Isaac Chung baseia-se na sua própria infância com a família, numa quinta no Arkansas.

"Estamos na década de 1980 e David, um menino americano de sete anos com ascendência coreana depara-se com um novo ambiente e um estilo de vida diferente quando o pai, Jacob, se muda com a família da Costa Oeste para uma zona rural do Arkansas. A mãe, Monica, fica horrorizada por morarem numa casa móvel no meio do nada e o pequeno e travesso David e a sua irmã estão entediados e sem rumo. Enquanto isso, Jacob, determinado a criar uma fazenda em solo inexplorado, coloca em risco as suas finanças, o seu casamento e a estabilidade da família."

Não há nada de realmente novo em Minari: temos um drama familiar, uma família imigrante em busca de uma vida melhor nos EUA, a ideia do sonho americano frustrado sempre presente, a solidão e tentativa de integração na comunidade, o casamento em crise e a relação afectuosa entre avó e netos. Não há nenhum rasgo de inspiração de Lee Isaac Chung. Ele cria uma história simples, focada nas personagens e no ambiente que as rodeia e põe-nas à prova, repetidamente. E os infortúnios sucedem-se desde que se mudam da Califórnia para o Arkansas - mas o pai Jacob é orgulhoso e não desiste.

As personagens estereotipadas em Minari são os americanos - seja o fervor religioso do amigo e empregado de Jacob; o fascínio dos membros da igreja pela nova família; ou os modos grosseiros, mesmo do pai de um amigo de David -; e os simbolismos que se encontram na narrativa são vários mas pouco subtis, começando, desde logo, na erva aromática coreana que dá título ao filme e que, tal como aqueles imigrantes, se adapta em qualquer terreno estranho.

A maior força do filme reside na relação que se constrói entre neto e avó, o estreante Alan S. Kim e a veterana Youn Yuh-jung, os dois com grandes interpretações. Eles, que não se conheciam até então, passam de uma relação de estranheza e desconfiança a ser o pilar um do outro. De destacar ainda a interpretação de Yeri Han como Monica, uma mulher triste, de sonhos frustrados e em constante preocupação com as ideias do marido, a saúde do filho e a integração da mãe. 

Minari é um drama familiar em redor do desencanto e da adaptação, num elogio aos sul coreanos, como a família de Lee Isaac Chung, que imigraram e se firmaram em solo norte-americano.

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