"You don't think it's paranoid if I wanna change the locks. Do you?"
Anna Fox
*3/10*
A Mulher à Janela, de Joe Wright, quer ser tanto e acaba por ser tão pouco. Um filme sem alma, que começa com mistério e termina num autêntico terror. Ver Joe Wright associado a um filme tão pouco coeso e sem personalidade é a grande surpresa de uma longa-metragem que não é sequer capaz de valorizar o elenco.
"Confinada à sua casa por sofrer de agorafobia, uma psicóloga fica obcecada com os seus novos vizinhos e em resolver um crime brutal que testemunha pela janela."
Baseado no livro homónimo, de A. J. Finn (que não li), A Mulher à Janela pretende ser um Hitchcock dos tempos modernos - não lhe poupando referências, sendo a mais óbvia A Janela Indiscreta -, mas não lhe chega perto. Se, inicialmente, pode haver a esperança de estarmos perante um bom filme de mistério, com terror psicológico e voyeurismo à mistura, depressa nos desinteressamos do enredo confuso e pouco sustentado, com momentos quase cómicos, tal a implausibilidade ou a previsibilidade. Perto do fim, entramos noutra realidade, mais slasher, e num "novo" filme - ainda pior.
Há pouco a que nos possamos agarrar para defender A Mulher à Janela. Amy Adams é talvez o ponto mais forte, mas longe das grandes interpretações que marcam a sua carreira. A direcção artística será, provavelmente, o mais admirável da longa-metragem, com a mansão solitária de Anna a ganhar personalidade, seja pela imensa escadaria, pela clarabóia, ou pelos detalhes de decoração (a casa de bonecas, por exemplo, chama-nos logo a atenção).
Tanta paranóia, referências cinematográficas, clichés e reviravoltas sem fim, e eis o vazio sideral após os créditos finais. Nada fica connosco de A Mulher à Janela, apenas a satisfação de termos conseguido matar a curiosidade mórbida que nos assolava antes da visualização.
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