*7/10*
Na Competição da Nacional do IndieLisboa, encontramos No Táxi do Jack, de Susana Nobre, um híbrido entre documentário e ficção, que nos embala numa história de vida digna de filme. Ei-lo.
"Jack é Joaquim Calçada, antigo mecânico de aviões. Antes do 25 de Abril, emigrou para Nova Iorque, onde foi motorista de táxis. Volta uma figura, como Carmen Miranda cantava, 'americanizada', depois de vinte anos. É em Alhandra, Vila Franca de Xira que, a um passo da reforma, conta histórias do seu tempo nos Estados Unidos e de um percurso guiado pelo seu instinto de sobrevivência."
Entre as obrigações do centro de emprego, numa recolha de carimbos de empregador em empregador, enquanto aguarda a reforma, Jack recorda as suas aventuras nos Estados Unidos, bem como os empregos como taxista e motorista de limousine. Entre desabafos, encontros com o grande amigo Armindo e conversas com a mulher, descobre-se um realismo mágico que nos leva em viagens no tempo e no espaço - filmado em 16mm tudo nos parece ainda mais encantador.
No Táxi de Jack é um misto de desconstruções, humor e realismo social, onde o resultado está repleto de encanto. Joaquim é um protagonista seguro em frente da câmara, com um estilo muito característico que o faz destacar onde quer que vá. A realizadora conheceu-o enquanto filmava Vida Activa - sobre o programa Novas Oportunidades - e a confiança foi-se construindo (Joaquim surge depois em Provas, Exorcismos). Batalhador e um amigo exemplar, os percursos de Jack apresentam-nos em pano de fundo a vila de Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, onde cresceu e para onde regressou. Este emigrante, de volta à sua terra, surge-nos como uma figura moldada pelos dois países, tão distintos.
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