terça-feira, 31 de agosto de 2021

IndieLisboa 2021: Radiograph of a Family (2020), de Firouzeh Khosrovani

*8/10*


Radiograph of a Family, de Firouzeh Khosrovani, faz parte da Competição Internacional do IndieLisboa 2021. Para contar a história da sua família, a realizadora apresenta um profundo trabalho de pesquisa de arquivos familiares, mas igualmente de imagens que ilustram momentos históricos do Irão, num retrato íntimo e sincero.

"Um documentário extremamente pessoal onde Firouzeh Khosrovani dá a conhecer intimamente a vida e o casamento dos seus pais, pessoas que não poderiam estar em pólos mais opostos do secularismo e da ideologia islâmica religiosa. Uma história contada através de imagens de arquivo, cartas e conversas, numa radiografia que ultrapassa o particular para ilustrar também conflitos no âmago da sociedade iraniana."

Um casamento à distância e uma vida em comum que se construiu entre a Suíça e o Irão, com todas as suas diferenças culturais e religiosas. A mãe, Tayi, extremamente religiosa e tradicional, o pai, Hossein, um estudante de radiologia pouco religioso e progressista. Durante os primeiros anos de casamento, foi Tayi quem se sentia deslocada da sua realidade e costumes e em constante pecado, enquanto viveu na Suíça. Depois do nascimento de Firouzeh, os papeis inverteram-se e é Hossein quem não se sente livre e pleno, de regresso ao Irão. 

E nesta construção familiar de ideais e valores totalmente opostos, a realizadora crescia e observava os pais e a nação, que passava pela Revolução e pela Guerra. Firouzeh era uma observadora silenciosa, que recolhia memórias e as guardava cuidadosamente, sem julgamentos de parte a parte. 

Radiograph of a Family é o resultado de todas as lembranças, onde uma casa serve como espelho de todas as alterações no núcleo familiar ao longo dos anos; não faltam as fotografias dos pais solteiros, casados, fragmentos rasgados de Tayi de cabeça descoberta, vídeos da revolução nas ruas, de mulheres armadas em treinos para a guerra; a música clássica que o pai adorava serve de banda sonora; e, como não podia deixar de ser, as radiografias que o pai tirou à mãe de Firouzeh e servem de título à longa-metragem.

O documentário de Firouzeh Khosrovani é um registo profundo da sua família, mas igualmente uma prova de amor de uma filha aos seus pais, tão diferentes e tão amados.

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