segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Crítica: Swallow - Distúrbio (2019)

"Are you happy, or are you pretending to be happy?"
Katherine


*6.5/10*

Em Swallow - Distúrbio, a partir da abordagem de um transtorno psicológico, Carlo Mirabella-Davis analisa o controlo e dependência de uma mulher por parte do marido e como as expectativas patriarcais das sociedades podem condicionar a vida de alguém.

Hunter (Haley Bennet) é uma mulher grávida cuja existência toma um rumo alarmante quando  desenvolve uma compulsão para a ingestão de objectos perigosos. Com o controle, cada vez maior, do seu marido (Austin Stowell) e sogros sobre a sua vida, Hunter é forçada a enfrentar o segredo por detrás da sua obsessão incontrolável. 


O ponto de partida é aliciante e o thriller psicológico vai-se construído à medida que o Distúrbio do título se vai adensando e tomando proporções preocupantes. A aparente felicidade do casal cai rapidamente por terra aos olhos da plateia, revelando um vazio total na vida de Hunter. Sem sonhos, hobbies ou amigos, a jovem vive para agradar ao marido e aos sogros. A gravidez é o que despoleta a compulsão, desejosa de se manifestar. 

Este distúrbio parece ser o início da emancipação de Hunter. Ainda que, durante algum tempo, continue em negação, ela apercebe-se, aos poucos, de que tem de agir. Haley Bennet encarna as fragilidades e compulsões de Hunter com dedicação, num papel fisicamente exigente, e é quem realmente se destaca no elenco. 


Carlo Mirabella-Davis constrói a trama com alguma ironia e provocação, apesar de não ser tão eficaz como se poderia esperar - maior violência nas imagens tornaria tudo mais impactante. Todavia, as opções de cores e planos dentro de casa fazem com que Swallow crie uma redoma visual em torno de Hunter equiparável ao controlo que a família do marido tem sobre si.

Swallow - Distúrbio é um exercício de reflexão sobre a complexidade das perturbações psicológicas, ao mesmo tempo que desconstrói as aparências e o machismo das sociedades.

Sem comentários: