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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Crítica: X (2022)

"Must be one goddamn fucked up horror picture."

Sheriff Dentler

*7.5/10*

X é nostalgia pura, um slasher moderno que é todo ele uma homenagem ao cinema de terror (e não só). Ti West filmou-o em plena pandemia, na Nova Zelândia, mas no ecrã a viagem é ao Texas dos anos 70, e à indústria dos filmes para adultos. No período de quarentena no hotel, antes de começar as filmagens, o realizador sentiu-se inspirado e escreveu a prequela de Pearl.

"Em 1979, um grupo de jovens cineastas parte para uma zona rural do Texas com o intuito de fazer um filme para adultos, mas quando os seus anfitriões reclusos e idosos os apanham em flagrante, o grupo vê-se obrigado a lutar pelas suas próprias vidas."

Ti West constrói um slasher puro e duro, com tudo o que o subgénero tem direito: muito sangue, gore, mortes, sexo e até algum humor. Ao mesmo tempo, recria todo o ambiente e visual dos filmes de baixo orçamento dos anos 70 - com especial destaque, claro, para os que se classificavam com a letra que dá título ao filme. E as homenagens não se ficam por aqui: Alfred Hitchcock e o seu Psycho ganham aqui um fã acérrimo. 

As mulheres assumem um papel de destaque em X e há que tirar uma séria lição da longa-metragem: uma mulher insatisfeita pode fazer estragos. As quatro personagens femininas têm algo que as torna distintas, mesmo que o seu sonho seja singrar na indústria da pornografia - ou, quem sabe, Hollywood. Tão diferentes entre si, as quatro sabem o que querem (e o que não querem) e vão lutar (armando-se com o que esteja por perto) por isso.

Visualmente, Ti West recria uma época, mas também demarca bem o seu próprio estilo, cheio de ritmo, com opções de montagem criativas e alguns planos inesperados. O ambiente slasher confunde-se, por vezes, com o do faroeste (ou não estivéssemos perante o mesmo realizador de Terra Violenta, de 2016) e eis mais uma singularidade da obra de West. O facto de se estar a rodar "um filme" dentro do filme também proporciona boas opções estéticas por parte do realizador. No elenco, Mia Goth destaca-se inevitavelmente, com o seu ar tão angelical como insano. 

X é mais um marco no cinema de terror contemporâneo, repleto de nostalgia, mas igualmente inspirado, sem receio de arriscar e muito longe de desapontar. Venham mais como este (e já estão a caminho...).

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