sábado, 21 de janeiro de 2023

Crítica: A Oeste Nada de Novo / Im Westen nichts Neues / All Quiet on the Western Front (2022)

"My son killed in the war. He doesn't feel any honor."

Matthias Erzberger


*8.5/10*

A Oeste Nada de Novo filma, com uma beleza aterrorizante, a Primeira Guerra Mundial do lado do inimigo - o dos alemães -, revelando a inutilidade de um conflito armado que ceifou milhões de vidas. É a terceira adaptação cinematográfica (as outras duas datam de 1930 e 1979) do livro homónimo de Erich Maria Remarque.

"Quando Paul, de 17 anos, se junta à Frente Ocidental na Primeira Guerra Mundial, o seu entusiasmo inicial é abalado pela dura realidade da vida nas trincheiras."

Edward Berger filma um épico de guerra que espelha, em cada cena, toda a brutalidade e desumanidade do conflito, que aumentava à medida que as negociações do armistício tardavam. Ao mesmo tempo, regista-se o paradoxo: no conforto e segurança dos gabinetes ou no comboio das negociações, oficiais cercados de mordomias e boa comida decidiam o futuro dos que morriam e passavam fome no campo de batalha.

E se a Primeira Guerra Mundial é poucas vezes levada para o grande ecrã, filmá-la sob a perspectiva dos derrotados é ainda mais raro. Nesta adaptação, o realizador coloca o espectador ao lado dos alemães dentro das trincheiras ou no ataque corpo a corpo, seguindo de perto o protagonista, Paul (grande prestação do estreante Felix Kammerer), e os seus amigos e companheiros de batalha.

A Oeste Nada de Novo é um filme visceral e sujo, potenciado por uma direcção de fotografia soberba, capaz de planos que espelham o horror: cenários repletos de lama, corpos e sangue a perder de vista, sobre os quais paira uma névoa cerrada em tons de castanho e vermelho. Ali, tudo é morte.

A crueldade e a barbárie da guerra são retratadas com um realismo impressionante, num filme que ficará na memória pelo lado humano que capta, através de simples gestos ou olhares, e onde, afinal, todos foram vítimas.

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