A intimidade do actor antes de se tornar um ícone é aqui revisitada. Passado sobretudo no início da década de 1950 e observando as experiências de Dean enquanto actor emergente em Los Angeles, Joshua Tree, 1951: A Portrait of James Dean apresenta uma série de sequências, que juntam biografia com elementos ficcionais. Um retrato do artista enquanto jovem, uma história de amor, e ainda um olhar sobre a indústria de Hollywood do pós-guerra, o filme pretende mostrar um lado de James Dean pouco conhecido. Matthew Mishory pretende redefinir o actor para toda uma nova geração, através de uma abordagem à complexa sexualidade e às suas primeiras relações, onde a bissexualidade surge em destaque.
Um argumento que prometia dar muito acaba por ficar aquém das expectativas, que eram elevadas. As relações surgem perante os nossos olhos, mas sem uma conexão que se sente necessária. A história que nos é contada deixa-nos confusos, pela montagem desordenada das suas cenas. Perdemos, a certo momento, o fio temporal, é difícil perceber o que é que se passou antes do quê e de onde vêm determinadas personagens.
Contudo, a abordagem das relações e da sexualidade do actor é pertinente e poderia ter sido mais bem explorada. O mesmo se pode dizer em relação a Dean, ao seu passado, ao seu interior que dificilmente conseguimos alcançar e conhecer por completo. Pena é também o realizador ter preferido não se debruçar sobre os anos que se seguiram, em Hollywood.
No que toca a questões técnicas, no entanto, Joshua Tree, 1951: A Portrait of James Dean só apresenta pontos positivos. Visualmente muito interessante, o filme passa-se, na sua maioria a preto e branco, colocando-nos, mais ainda, na época em que tudo acontece. As poucas, mas muito pertinentes imagens a cores marcam também a diferença no campo visual. A utilização de slow motion por diversos momentos resulta de forma brilhante e apela fortemente aos sentidos da plateia. A banda sonora é mais um ponto a favor, a condizer com todo o ambiente.
Matthew Mishory trouxe-nos um filme visualmente forte, em que o argumento se acaba por perder e nos fazer sentir perdidos, mas onde surge uma interessante exploração da sexualidade de Dean.
*5.5/10*
O artigo completo do sétimo dia do Queer Lisboa 16 pode ser lido no Espalha-Factos.
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