sábado, 29 de setembro de 2012

Doclisboa'12 com programação de excelência

Foi na passada Quinta-feira que o Doclisboa'12 anunciou, em conferência de imprensa, as novidades da sua programação deste ano, numa 10ª edição que tem lugar entre os próximos dias 18 e 28 de Outubro. A abrir o festival está A Última Vez que Vi Macau, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, a encerrar, Cesare Deve Morire, de Paolo e Vittorio Taviani, candidato italiano ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Apesar dos cortes orçamentais, que se sentem mais ainda este ano, o Doclisboa não descurou a programação, que, apesar do fim na retrospectiva histórica, conta com três novas secções.


Verdes Anos, que quer dar voz aos novos realizadores nacionais, apresentando filmes produzidos no contexto académico; Cinema de Urgência, que surge num momento em que cada vez mais pessoas documentam com as suas câmaras a realidade social e política, inquietações e lutas, e, ao mesmo tempo, existem cada vez mais imagens na Internet que surgem como meios alternativos de informação e reflexão; e Passagens, onde as sessões terão entrada gratuita, e que surge da saída do cinema para os museus e da entrada do documentário na arte contemporânea - instalações de Chantal Akerman e de Pedro Costa são alguns dos destaques desta secção, que conta também com um colóquio internacional -, são as três novas secções deste Doclisboa.

Na Competição Internacional (de Longas e Curtas) várias estreias mundiais, e filmes de todos os cantos do mundo (França, Espanha, Tunísia, Burquina Faso, Canadá...) , com destaque para o filme português A Última Vez que Vi Macau (filme de abertura do festival), a marcar presença na Competição Internacional de Longas. Já na Competição Portuguesa de Longas, destaque para Cativeiro, de André Gil Mata, Deportado, de Nathalie Mansoux, Amanhecer a Andar, de Sílvia Firmino, O Pão que o Diabo Amassou, de José Vieira, ou O Sabor do Leite Creme, de Rossana Torres e Hiroatsu Suzuki, por exemplo.

São 68 os filmes portugueses presentes no festival este ano, e cinco deles constam na secção Heart Beat (que em vários anos de existência nunca tinha contado com uma produção nacional), sendo Edgar Pêra a abrir com o filme Visões de Madredeus. Há ainda espaço para um Tributo ao Festival de Curtas de Vila do Conde e, não poderia deixar de ser, uma merecida homenagem a Fernando Lopes, cineasta recentemente falecido, com a projecção de três dos seus filmes: As Pedras e o Tempo, Cinema e Olhar/Ver. "Não há história do cinema documental em Portugal sem Fernando Lopes", como bem referiu Augusto M. Seabra. Dentro da secção Riscos, mais homenagens. Este ano a secção é em memória de três grandes nomes recentemente falecidos: Chris Marker, Marcel Hanoun e Stephen Dwoskin


Chantal Akerman conta com uma retrospectiva integral, que o Doclisboa apresenta em parceria com a Cinemateca Portuguesa. Pretende-se questionar o documentário na sua relação com outras práticas cinematográficas e artísticas. Alguns dos títulos que serão exibidos durante o festival são, por exemplo, Les Années 80, La Chambre, Chantal Akerman par Chantal Akerman, Là-Bas ou Un Jour Pina m'a Demandé... (sobre Pina Bausch). Ainda há lugar para a retrospectiva United We Stand, Divided We Fall: A brief history of the radical collectives from the 60's to the 80's, onde se reflecte sobre o significado de fazer um filme e assiná-lo enquanto colectivo e não enquanto autores individuais e a sua relação directa com uma atitude e responsabilidade política. São de realçar filmes como Vladimir et Rosa, do Groupe Dziga Vertov (de onde fazia parte Godard e Jean-Pierre Gorin), ou mesmo o português Caminhos da Liberdade, da Cinequipa. No âmbito desta retrospectiva, haverá uma mesa redonda sobre o Cinema Colectivo, no dia 24 de Outubro.

A par das sessões, mais mesas redondas, masterclasses e workshops não vão faltar. Andrei Ujica dará uma masterclass a 23 de Outubro, e no dia 21 acontece outra subordinada ao tema da distribuição online legal com Jana Ptackova: Masterclass Online Distribuition: What to (not) Expect. Ao longo do festival acontecerá também um Workshop de Realização. Nas Mesas Redondas irá debater-se A RTP e o Serviço Público de Televisão, que tanta polémica tem gerado nos últimos tempos, Laboratórios de Cinema Independentes, onde se discutirá se estamos ou não a assistir ao fim da película e o que fazer para defender a importância de um laboratório de cinema independente em Portugal, ou, também a propósito da situação vivida por cá, O Cinema e a Crise na Europa do Sul.

O Docs 4 Kids trará ateliers para crianças, e outras actividades pedagógicas vão existir para os mais novos durante o festival. Por outro lado, a Apordoc - Associação pelo documentário e a EDN - European Documentary Network organizam, uma vez mais, o Lisbon Docs, um evento internacional dirigido a profissionais que pretendem apresentar projectos de documentários a potenciais financiadores. 

Novidades e variedade não faltam a este Doclisboa'12, que se dividirá por muitas salas: Culturgest, Cinema São Jorge, Cinema Londres, Cinemateca Portuguesa, Carpe Dien Arte e Pesquisa, Galeria Palácio Galveias e Lux Frágil. As bilheteiras abrem a 4 de Outubro. Mais informações em www.doclisboa.org/2012/

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