quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Desilusões do Ano #2013

Depois das surpresas, as desilusões de 2013. Tive aqui em conta os filmes para os quais as expectativas se elevaram demasiado para o produto final. Parte das minhas escolhas poderá ser controversa, e, em caso de dúvida, aconselho, claro, a visualização desses títulos para que se tirem as devidas conclusões.

Segue então a listagem das minhas oito desilusões de 2013:


8. Os Miseráveis / Les Misérables
Uma longa-metragem com a dimensão de Os Miseráveis merecia um tratamento à altura, ainda mais quando estamos perante um elenco de peso. Uma obra tantas vezes trabalhada é um desafio e tanto para qualquer realizador e Tom Hooper não revelou ter o estofo necessário.


7. Don Jon
Joseph Gordon-Levitt provou que deve limitar-se apenas ao lado da frente das câmaras. Em Don Jon, o que poderia ser uma sátira divertida mas com conteúdo, perdeu-se numa comédia sem sentido e com moralismos muito pouco sustentados.

6. Guia para um Final Feliz / Silver Linings Playbook
Entre indecisões, amores mais ou menos correspondidos ou irremediavelmente perdidos e sonhos de um final feliz, David O. Russell desperdiça um argumento que jogaria no campo da saúde mental e da sua interferência com a sociabilização, perdendo-se ainda em cenas demasiado longas e desnecessárias, gastando muito tempo com uma história que pouco avança. Apesar de prémios e nomeações, nada de novo.

5. O Passado / Le Passé
Falta união e foco ao mais recente trabalho de Asghar Farhadi. A temática forte, aliada aos planos sempre intimistas do cineasta, mereciam uma concretização muito superior. Assim, O Passado dificilmente volta a ser lembrado.

4. Antes de Meia-noite / Before Midnight
Não sendo fã da trilogia, o segundo filme da história protagonizada por Ethan Hawke e Julie Delpy foi o único que me cativou e fazia antever uma conclusão com mais fôlego. Em Antes da Meia-noite, contudo, o argumento perde-se em mais do mesmo.

3. Ferrugem e Osso / De rouille et d'os
A história dramática da treinadora de orcas interpretada por Marion Cotillard podia ter tudo para vingar e tornar-se um filme singular. Mas Jacques Audiard preferiu optar por outro caminho, apostando no drama atrás de drama, e em um argumento com pouco conteúdo e rebuscado que não se revelou a melhor aposta. O recuperar a vontade de viver por parte da protagonista é alcançado da forma menos provável e, digamos, menos realista.

2. Frances Ha
Noah Baumbach trouxe-nos um filme que retrata o aparente medo de crescer, de ser adulto, coisa que Frances parece querer evitar a todo o custo apesar dos seus 27 anos. A história é divertida, no meio das aventuras e desventuras da protagonista, mas não traz grandes novidades, com o argumento a querer ser muito mas não indo além da curiosidade inicial que desperta. Ao mesmo tempo, a espécie de adoração por uma personagem que não será, de todo, um exemplo de maturidade não é talvez um ponto muito positivo de Frances Ha.

1. Spring Breakers - Viagem de Finalistas
"Sexo, drogas e Britney Spears" podia ser o lema de Spring Breakers. Nem a mais interessante componente técnica desculpa o vazio argumentativo que paira sobre o novo filme de Harmony Korine. Aquilo que poderia ser uma curiosa sátira social deixa-se contagiar por esse mesmo "sonho americano" que critica, numa cultura pop degradada e ilusória, onde perdura um machismo evidente e exagerado.

*a ter em conta os filmes estreados no circuito comercial em Portugal ao longo de 2013.

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