*8/10*
Na Competição Internacional do Doclisboa'15, encontramos o português A Glória de Fazer Cinema em Portugal, de Manuel Mozos, uma docuficção encantadora e cheia de imaginação.
O filme parte de uma carta, enviada por José Régio a Alberto Serpa a 18 de Setembro de 1929, manifestando vontade de criar uma produtora e começar a fazer filmes. Durante quase 90 anos, nada mais se soube: nunca se encontrou nenhuma resposta e Régio nunca mais mencionou o assunto. A descoberta de algumas bobinas antigas no tesouro de um coleccionador parece dar um fim à história.
Dividido em cinco capítulos - Abertura, A Carta, Monsieur Caillaud, O Encontro e Epílogo -, A Glória de Fazer Cinema em Portugal cria uma história, feita de coincidências inimagináveis, que, a serem verdade, seriam uma descoberta histórica no cinema português. O público sabe que parte das personagens são fictícias, mas Manuel Mozos constrói esta curta-metragem, feita essencialmente de imagens de arquivo - algumas reais, outras igualmente criadas para o efeito -, que nos conduzem a um sonho que podia ter acontecido e em que quase conseguimos acreditar.
No final, fica na plateia a dúvida do que é verdade e do que é ficção, e, certamente, uma curiosidade crescente de querer saber mais sobre os primórdios do cinema em Portugal. Um excelente trabalho do realizador português que, ao criar esta intrincada teia de relações e acasos, constrói aquela que poderia ter sido A Glória de Fazer Cinema em Portugal.
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