*8/10*
Um confronto desafiante este que David Evans filmou, com argumento de um dos seus protagonistas, Phillippe Sands. Falo de A Minha Herança Nazi: O que os Nossos Pais Fizeram, que trouxe à Judaica diferentes pontos de vista, ressentimentos e negação, numa sessão de emoções fortes.
A relação entre dois homens, ambos filhos de altas figuras do regime nazi, Niklas Frank, filho do Governador-Geral da Polónia ocupada, e Horst von Wächter, filho do Governador da Galiza ucraniana, mas com noções antagónicas do papel que os pais desempenharam na II Guerra Mundial e no Holocausto. Quem faz a mediação entre os dois é Philippe Sands, advogado de direitos humanos, cuja família judia foi exterminada nos territórios do Leste europeu invadidos pelos alemães. Enquanto o trio cruza sentimentos e lugares de perda, brutalidade e culpa, surge a questão: até que ponto pode o amor de um filho pelo pai levar à negação do passado?
No dia do pai, não podia haver filme mais apropriado para ser exibido na Judaica. Como podem os filhos reagir às atrocidades que os pais fizeram quando em casa com a família faziam uma vida totalmente normal? Niklas odeia o pai, Horst admira-o e acredita que ele não teve qualquer responsabilidade pelo que de mal aconteceu - ainda por cima, nunca foi julgado. Sands está ali para confrontar os dois. Por um lado tenta encontrar em Niklas uma réstia de afecto para com o seu progenitor, por outro, tenta chamar Horst para a realidade dos factos, para a culpa do seu pai.
A Minha Herança Nazi: O que os Nossos Pais Fizeram é um duro e intenso confronto, que traz memórias difíceis para os três - e que conquista a plateia. No final da sessão, Niklas Frank, Philippe Sands e o juiz Renato Barroso, juntaram-se a José Fialho Gouveia num debate sobre o filme.
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