Para finalizar, avalio agora os nomeados para o Oscar de Melhor Actor. Numa categoria onde o vencedor não é evidente, encontramos quatro desempenhos fabulosos (onde é quase impossível escolher o melhor) e uma prestação muito inferior às restantes. O melhor é que temos interpretações para todos os gostos. Eis os nomeados, por ordem de preferência:
Casey Affleck é o motor da narrativa e seguimo-lo de Boston a Machester-by-the-sea, entre o presente e passado, num conflito interior constante. Um homem triste, deprimido, com uma aura cheia de mágoa e culpa. O actor transparece todas estes sentimentos e emoções sem esforço e faz-nos nutrir facilmente uma simpatia tímida pela sua personagem reservada. Uma interpretação muito sentida e competente do actor que, cada vez mais, vai mostrando quem é o Affleck talentoso.
2. Viggo Mortensen por Capitão Fantástico (Captain Fantastic)
Viggo Mortensen é o outsider da categoria de Melhor Actor, pelo seu papel num filme sem mais nenhuma nomeação (mas que merecia, sem dúvida, estar na corrida para Melhor Argumento Original). O actor encarna uma personagem surpreendente, o homem que cria os filhos no meio da natureza, com exigência, rigor mas muito amor - à sua maneira. Poderá passar por lunático, vagueia entre a inconsciência e a vontade de que os filhos sejam os melhores e estejam o melhor preparados possível para o mundo. Firme e seguro ao início, a tristeza, o desalento e as dúvidas vão tomando conta da sua personagem ao longo de Capitão Fantástico. Uma verdadeira surpresa.
Ao lado de Emma Stone, Ryan Gosling canta, dança e representa. Em La La Land, o actor mostra a sua versatilidade, provando como se sabe reinventar e surpreender. Vai na sua segunda nomeação (que podia ser terceira, caso o tivessem nomeado pelo fabuloso papel em Blue Valentine), e ainda não é desta que leva o Oscar.
Denzel Washington encarna com a naturalidade da prática (representou no teatro esta mesma personagem, mais de 100 vezes) um homem de sonhos perdidos, que refugia no álcool os seus desgostos, em constante conflito com os filhos, ambicioso e egoísta. Quer fazer tudo pela família, mas são mais as oportunidades de triunfo que lhes rouba. Sendo quase omnipresente, não deixa de ser uma personagem incapaz de conquistar a plateia, tanta é a amargura que carrega em si.
A ser nomeado, Andrew Garfield devia sê-lo por Silêncio, onde tem um desempenho especialmente bom a interpretar um padre jesuíta português no Japão, que sofre, perde-se e encontra-se, contra crenças e injustiças. Já em O Herói de Hacksaw Ridge, Garfield é dramático, frágil e inocente como a personagem pede, e cedo conquista a simpatia da plateia. No entanto, o fôlego que o filme precisa só chega quando passamos a ver Desmond tentar salvar os seus colegas feridos no campo de batalha. O actor é o anjo protector daquela batalha, incansável, mas de tão angelical, torna-se pouco convincente.
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