quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Crítica: Todo o Dinheiro do Mundo / All The Money in The World (2017)

"If you can count your money you're not a billionaire."
J. Paul Getty

*6.5/10*

Uma história real sobre dinheiro, poder e família é adaptada ao cinema pela mão de Ridley Scott e o resultado é Todo o Dinheiro do Mundo. A longa-metragem ficou mais conhecida pelas polémicas em torno da troca de Kevin Spacey por Christopher Plummer a poucas semanas da estreia, mas há mais por detrás do escândalo.

Todo o Dinheiro do Mundo é um thriller com um argumento forte - que peca por ser tão longo - e é exactamente a grande interpretação de Plummer que faz a diferença.


John Paul Getty III, um adolescente de 16 anos e neto do homem mais rico do mundo, é raptado. Ao perceber que os raptores exigem uma quantia exorbitante de dinheiro, a sua mãe, Gail, rapidamente recorre ao sogro em busca de ajuda. No entanto, o avô não parece querer ceder às exigências dos raptores assim tão facilmente.

Ridley Scott não tem conquistado a crítica nos últimos anos, muitas vezes injustamente. Todo o Dinheiro do Mundo está longe de ser um filme inesquecível, mas sabe cativar atenções e desperta a curiosidade da plateia para a história de J. Paul Getty e da sua fortuna. Os fãs do realizador conseguirão encontrar muitas das suas marcas autorais por entre o vento, a chuva e as sombras.


O argumento é um dos pontos positivos do filme, que constrói bem o suspense em volta da decisão do patriarca da família Getty. Seguimos atentos, mas a ritmo lento, as negociações em torno do rapto do neto de um dos homens mais ricos do planeta, nos anos 70, e chegamos ao fim apaixonados pela interpretação de Christopher Plummer. É ele, na realidade e ironicamente, a estrela do filme. O veterano é perfeito a interpretar esta personagem tão ambígua, um homem inteligente, arrogante, inacessível e avarento, que nutre grande amor pelo neto raptado. É neste paradoxo de características que reside o encanto da personagem que consegue ser desprezível mas igualmente calorosa.

Com uma boa interpretação encontramos também Michelle Williams como Gail, a mãe que sofre e é capaz de tudo para conseguir o resgate do filme. Ela que, aparentemente, é das personagens menos ligadas ao dinheiro ou poder.


A banda sonora é o outro grande trunfo de Todo o Dinheiro do Mundo, com os temas envolventes e poderosos compostos por Daniel Pemberton a surgir em uníssono com a acção.

Pode ser apenas "mais um filme" de Ridley Scott, mas é um daqueles que conta uma boa história e tem um Christopher Plummer de tirar o fôlego. Nada mau.

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