"Um dia é muito pouco nessa cidade"
Débora
*7/10*
Um filme em três actos, qual peça de teatro cinematográfica. O realizador Leonardo Mouramateus traz-nos uma experiência diferente e divertida com António Um Dois Três, a sua primeira longa-metragem (depois de várias curtas), que demonstra imaginação, criatividade e muito sentido de humor.
António Um Dois Três retrata os encontros entre António (Mauro Soares) e Débora (Deborah Viegas) e a misteriosa forma como as suas rotas se cruzam, uma e outra vez. O filme foi rodado em Lisboa, em três partes, cada uma filmada e editada com intervalos de seis meses.
A cidade de Lisboa serve de cenário para aventuras e desventuras de personagens portuguesas e brasileiras que aqui se cruzam e conhecem. Nos três momentos do filme, as personagens são as mesmas mas a sua história muda ligeiramente. Leonardo Mouramateus constrói e desconstrói para criar.
O passado está muito presente, seja pela cassete VHS que as personagens encontram, seja pelas imensas recordações que atormentam cada um. No protagonista parece perdurar a saudade dos tempos felizes com Mariana, algo que partilha com Tereza, uma grande amiga e vizinha da ex-namorada. Já Débora mostra-se destemida e aventureira, entre o Brasil, Portugal e a Rússia. No teatro, todos querem criar algo verdadeiramente desconcertante para o público, em especial Johnny.
A empatia da plateia com as personagens de António Um Dois Três não é imediata, mas com o passar dos minutos ganha-se carinho por cada um deles e pelas suas particularidades, que se vão moldando em cada uma das partes da longa-metragem.
Intencional ou não, encontramos no filme de Mouramateus um elogio ao teatro - de onde, na realidade, surge Mauro Soares, o protagonista. O actor tem presença e faz jus ao António do título da longa. Ainda do elenco, destaque para Deborah Viegas e para Sandra Hung.
António Um Dois Três está carregado de nostalgia e de sonhos. É um filme desafiador, romântico e cheio de esperança, uma, duas e três vezes.
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