"What is the cost of lies?"
O desastre nuclear de Chernobyl, na cidade de Pripyat, na Ucrânia, em 1986, é uma temática que sempre me despertou a atenção. A minissérie da HBO/Sky, lançada o mês passado, não me passou ao lado, nem as críticas positivas que vi circular Internet fora. Não resisti à curiosidade e ao interesse pelo tema e eis-me mergulhada em Chernobyl.
Escrita por Craig Mazin e realizada por Johan Renck, a minissérie recria aquela que foi uma das piores catástrofes da história causadas pelo homem. A 26 de Abril de 1986, a Central Nuclear de Chernobyl sofreu uma enorme explosão que lançou material radioactivo pela Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, atingindo também a Escandinávia e a Europa Ocidental. Somos apresentados aos responsáveis, aos inocentes e aos que tudo fizeram para minimizar as consequências. Damos de caras com a insensibilidade, a mentira e a incompetência extrema, mas também com a coragem e bravura dos que ainda têm coração e que deram a vida para salvar outras tantas.
O ambiente é tão aterrador que os filmes de terror fugiriam de vergonha. Chernobyl está repleta de elementos do género, que servem que nem uma luva à transposição desta história real para a ficção. É aí que reside o horror, o medo, os arrepios: tudo aconteceu de forma muito semelhante ao que nos é narrado.
O primeiro episódio deixa-nos presos aos acontecimentos e, até ao terceiro, é impossível tirar os olhos do ecrã. Os dois últimos, mais políticos e com menos acção, perdem um pouco o fôlego mas continuam pertinentes. Sem dúvida que, nesta série, as imagens imperam sobre as palavras, até porque entre as segundas circulam muitas mentiras.
As cores, o cenário, a direcção artística e até mesmo a banda sonora de Hildur Guðnadóttir - tão arrepiante como a história - são excelentes ao transportar-nos para os anos 80. Nas interpretações, o trio central de heróis deixa-nos vidrados: Jared Harris como Valery Legasov, o físico nuclear soviético que faz parte da equipa de resposta à tragédia; Stellan Skarsgård como o vice primeiro-ministro Boris Shcherbina, designado pelo Kremlin para liderar a comissão do governo em Chernobyl; e Emily Watson como Ulana Khomyuk (a única personagem fictícia que representa um grande grupo de cientistas que estiveram ao lado de Legasov em busca de respostas), uma física nuclear soviética que quer resolver o mistério do que terá originado o desastre.
Ora, o que torna Chernobyl ainda mais singular é todo o enredo e a forma como o conta em cinco horas. É ficção quase documental, informativa, bastante factual e completa. Dêem-nos mais lições de História como esta.
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