*7/10*
A realizadora Alison Klayman veio ao Doclisboa apresentar o documentário The Brink, sobre o polémico Steve Bannon. O filme fez parte da secção Da Terra à Lua e levou muitos curiosos ao Cinema São Jorge.
The Brink acompanha Bannon (já depois de deixar o cargo na Casa Branca) ao longo das eleições intercalares nos Estados Unidos e nos seus esforços de mobilização dos partidos de extrema-direita, de modo a ganhar assentos nas eleições para o Parlamento Europeu de Maio de 2019.
Eis o populista, mentor dos populismos que começaram a evidenciar-se com a eleição de Donald Trump. A realizadora teve coragem e - provavelmente - nervos de aço para acompanhar, ao longo de alguns meses, um homem que reúne pouca simpatia internacional e cuja ambição é o modo de vida. Steve Bannon pavoneia-se sem constrangimento porque "toda a publicidade é boa", mas é inevitável que a câmara de Klayman o desmascare sem dificuldade.
É um documentário dinâmico onde vivenciamos o dia-a-dia do protagonista: viagens pela Europa e Estados Unidos, comentários jocosos e irónicos, uma entrevista onde é fortemente confrontado por Paul Lewis, jornalista do The Guardian, jantares e convívio com os nomes da extrema-direita, ideias e obsessões. E entre toda a aparente (e cínica) simpatia que parece nutrir por todos os que se lhe dirigem, captamos o que quer esconder das câmaras. À porta fechada, com guarda-costas intimidantes, tem as conversas que a câmara (e plateia) já adivinha.
O paralelismo que se faz com as imagens iniciais, em que Bannon fala, com admiração, da arquitectura dos campos de concentração nazis, e as reuniões, que vemos posteriormente, com membros da extrema-direita europeia, é arrepiante.
The Brink mostra-nos Steve Bannon sem interferências da realizadora, mas tudo o que revela é um importante alerta para que nunca voltemos a repetir o que de mais terrível existe na História Mundial.
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