sábado, 30 de maio de 2020

Monstra 2020: Competição de Curtas 2 em Análise

Na segunda sessão da Competição de Curtas do Monstra 2020, encontram-se alguns títulos de qualidade acima da média. São sete as curtas-metragens que a compõem, todas de origem europeia.

Pessoas-Sim (Yes-People)
Pessoas-Sim (Yes-People), de Gísli Darri Halldórsson, chega-nos da Islândia e "Sim" será realmente a única palavra que vamos ouvir neste filme, repetida em situações muito distintas. Seis pessoas. Moram todas no mesmo prédio mas seguem caminhos diferentes. Cada uma vive à sua maneira - e com a sua própria voz. Eis um trabalho que com pouco exprime tanto, cada estado de espírito ou pensamento, com personagens que poderiam ser vizinhos de qualquer um de nós. Faz-nos rir e reflectir.

De França, chega Memorável (Mémorable), realizado por Bruno Collet, o mais comovente dos filmes desta sessão. Louis é pintor e está a experienciar estranhos eventos. O seu mundo parece estar a desintegrar-se. Aqui, não só a animação stop-motion é de grande beleza e imaginação, como a temática nos deixa totalmente abalados: o Alzheimer. Uma doença assustadora, contada através de uma sensibilidade ímpar. Não admira que tenha estado nomeado para os Oscars.

Memorável (Mémorable)
A sátira social e digital chega-nos da Áustria, com Time o´ the Signs, de Reinhold Bidner. Desde a reinvenção das redes sociais controladoras, ao total domínio da tecnologia na vida do protagonista, esta curta apresenta-nos uma distopia que não está assim tão longínqua quanto isso. Uma animação experimental - narrativa mas também documental - sobre os ladrões de tempo digitais da nossa era.

Rastos (Traces), de Hugo Frassetto e Sophie Tavert Macian, leva-nos numa viagem ao tempo das cavernas e das pinturas rupestres. Toda a curta-metragem poderia ter sido um desenho em movimento feito pelos protagonistas. Os animais retratados são marcas de História, mas o jovem aprendiz gosta de desenhos mais afoitos. Karou e o seu aprendiz partem para pintar as paredes da grande caverna. Mas não esperavam encontrar um leão lá dentro.

A Mãe de Sangue
A Mãe de Sangue, de Vier Nev, é o representante português neste lote de filmes. Escrevemos sobre ele aqui. Já da Hungria, o amor surge do nada, tal como um tumor no peito, em Sr. Mare (Mr. Mare), de Luca Tóth. Numa analogia inesperada, é-nos apresentado um tumor que se apaixona pelo seu hospedeiro, com tudo o que isso acarreta, com dedicação e ciúmes à mistura.

Sr. Mare (Mr. Mare)
Os grupos e seus comportamentos são o tema central da curta-metragem Kids, de Michael Frei. Uma exploração de dinâmicas de grupo. Como definimos a individualidade quando somos todos iguais? A importância de ter uma opinião ou uma vontade própria é o desafio das personagens deste filme, todas tão semelhantes.

Pessoas-Sim (Yes-People), de Gísli Darri Halldórsson - 8/10
Memorável (Mémorable), realizado por Bruno Collet - 9/10
Time o´ the Signs, de Reinhold Bidner - 7.5/10
Rastos (Traces), de Hugo Frassetto e Sophie Tavert Macian - 7/10
A Mãe de Sangue, de Vier Nev - 7/10
Sr. Mare (Mr. Mare), de Luca Tóth - 6/10
Kids, de Michael Frei - 5.5/10

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