segunda-feira, 6 de julho de 2020

Iniciativas de Bloggers: "Suores Frios", do blog Not a Film Critic

A convite da FilmPuff, do blog Not a Film Critic, mergulhei nas minhas memórias com filmes de terror, procurando um título que tivesse marcado de alguma forma, positiva ou negativa, a minha experiência com o cinema de género. A iniciativa chama-se Suores Frios e o meu "capítulo" intitula-se Terrores Adolescentes - já vão perceber porquê.


«Comecei a ver filmes de terror com frequência por influência da minha melhor amiga, teríamos nós 12 anos. Os pais delas eram sócios de um videoclube (bons velhos tempos...) e estávamos lá nós batidas, de quando em quando, a alugar um filme - normalmente de terror. Um pouco mais velha, comecei a vê-los também no cinema, a maioria das vezes sem saber bem ao que ia, já que a Internet ainda escasseava. Aí já era o meu primo o responsável pelas escolhas mais assustadoras. Tínhamos o costume de ir num grupo de quatro ou cinco adolescentes que só queriam Cinema como forma de espairecer e distrair, um escape da realidade por uma hora e meia ou duas. Não estávamos muito interessados com a qualidade para além do entretenimento.

Para a presente rubrica, escolhi um filme que vi numa destas incursões ao cinema do Colombo com o primo e três amigos, numa sessão da noite. A Descida (The Descent) estava em cartaz e tínhamos "ouvido falar bem", para além da sinopse ser convidativa: um grupo de raparigas numa gruta com criaturas assustadoras pelo meio, parecia-nos bem.

Saímos da sala estarrecidos, revoltados, não gostámos. Não gostámos dos saltos que demos das cadeiras, lá escondidos na última fila da sala, não gostámos de ter de esconder a cara com o pacote de pipocas sempre que havia a eminência de um daqueles bichos (uma espécie de orcs albinos, como os baptizei) aparecer de repente e comer uma das raparigas (ou saltar do ecrã e nos comer a nós?!), não gostámos do grito mudo de pânico que demos quando um deles ficou visível pela primeira vez, não gostámos de nenhuma das sensações que nos atormentaram dentro da sala de cinema.


Ainda hoje, e sendo quase consensual que A Descida é um dos melhores filmes de terror dos últimos 20 anos, continuo a ter alguma repulsa por esse título, e o sentimento é comum a quem me acompanhou a essa sessão, há cerca de 15 anos. Causou um belo trauma naqueles jovens que ainda cheiravam a pó talco. E, curiosamente, não me parece que alguma vez me vá reconciliar com o dito filme. O que vale é que o mundo cinematográfico em geral, e o género de terror em particular, está longe de se esgotar naquela gruta (ou naquela sala de cinema). E nós aprendemos a gostar de ter medo deste tipo de ficção, seja na sala de cinema ou na de casa.»


O meu obrigada à FilmPuff pelo convite e parabéns pela excelente iniciativa!

Para finalizar, dedico este texto à Mónica, a melhor amiga dos filmes de terror dos clubes de vídeo, ao primo Vítor que me levava a ver os filmes com os títulos mais assustadores, e aos restantes amigos que estiveram comigo naquela sessão de A Descida - Inês N., César e André.

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