terça-feira, 15 de setembro de 2020

Queer Lisboa 24 e Queer Porto 6: Programa Completo

O Queer Lisboa 24 já tem programa fechado e acontece entre os dias 18 e 26 de Setembro, no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa. O Queer Porto 6 terá lugar entre 13 e 17 de Outubro no Teatro Rivoli e na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto.


Queer Lisboa 24

Em Lisboa, o filme de abertura será Los Fuertes, de Omar Zúñiga, exibido na noite de 18 de Setembro, que relata o encontro e a paixão entre Lucas e o contramestre Antonio, numa aldeia remota no sul do Chile onde Lucas se encontra a visitar a sua irmã. A encerrar estará Petite Fille, de de Sébastien Lifshitz, um documentário que acompanha Sasha, e a sua incansável família, irredutível na luta pela afirmação da identidade da filha e a sua aceitação nas várias dimensões da esfera social e, sobretudo, no meio escolar. 

O Júri da Competição de Longas-Metragens é composto pelo artista plástico e poeta André Tecedeiro, a programadora de cinema Joana Ascenção e o actor e realizador Miguel Nunes. São oito os filmes que fazem parte desta competição: El Cazador, de Marco Berger, onde Ezequiel, um adolescente em pleno despertar sexual, vê-se preso numa armadilha que o força a escolher entre ver exposta a sua sexualidade ou colaborar com um esquema de pedofilia; El Príncipe, de Sebastián Muñoz, passa-se Chile dos anos 70 onde encontramos Jaime que, depois de sem razão aparente assassinar um amigo e ser enviado para a prisão, encontra protecção e afecto na relação com El Potro, um prisioneiro mais velho; Las Mil y Una, de Clarisa Navas, dá a conhecer a relação de Iris e Renata que, com o seu grupo de amigos, vão formar uma resistência queer aos preconceitos e boatos no bairro onde vivem; Lingua Franca, de Isabel Sandoval, apresenta-nos Olivia, uma mulher transgénero filipina que trabalha como cuidadora de uma idosa em Brooklyn, e procura alterar a sua situação legal no país através de um casamento arranjado; Make Up, de Claire Oakley, leva-nos a um parque de roulottes na Cornualha onde Ruth chega para visitar o seu namorado, mas conhece a enigmática Jade, e a sua percepção da realidade altera-se irremediavelmente; Neubau, de Johannes Maria Schmit, passa-se na Alemanha para além dos grandes centros urbanos, onde Markus, um jovem homem transgénero cuida das suas avós, enquanto anseia pela mudança para a grande cidade onde espera encontrar uma família queer; No Hard Feelings, de Faraz Shariat, mostra-nos o que acontece a Parvis, jovem alemão de ascendência iraniana que divide o seu quotidiano entre raves, engates no Grindr e cultura pop, quando conhece os irmãos Banafshe e Amon num centro de refugiados onde foi forçado a fazer trabalho comunitário; e Vento Seco, de Daniel Nolasco, leva-nos a uma pequena cidade do estado de Goiás, no Brasil, onde Sandro, um homem gay que passa os dias entre jogos de futebol com os amigos e o trabalho numa fábrica de fertilizantes, vê a sua rotina destabilizada com a chegada de Maicon, um novo colega por quem sente uma atracção irresistível.

O Júri da Competição de Documentários é composto pela realizadora e antropóloga Catarina Alves Costa, pela apresentadora da RTP Margarida Mercês de Mello, e pelo actor e activista Paulo Pascoal. Fazem parte da competição oito títulos: All We’ve Got, de Alexis Clements, olha para a enorme quantidade de locais onde as mulheres queer encontravam um sentido de pertença e um espaço físico de encontro nos Estados Unidos da América, que desde 2010 foram encerrando; La Casa dell’Amore, de Luca Ferri, faz um retrato de Bianca, uma mulher transgénero que vive em Milão e é trabalhadora do sexo, e mantém uma relação com Natasha, também ela uma mulher transgénero que vive no Brasil; Miserere, de Francisco Ríos Flores, leva-nos a Buenos Aires e, na praça que dá o nome ao filme, observamos um grupo de rapazes trabalhadores do sexo enquanto ouvimos as suas reflexões; Queer Genius, de Chet Catherine Pancake, examina as vidas criativas de artistas queer não brancas e de mulheres artistas LGBTQI+; The Art of Fallism, de Aslaug Aarsæther e Gunnbjørg Gunnarsdóttir acompanha algumas das vozes do movimento de descolonização iniciado em 2015 na África do Sul com o derrubar da estátua de Cecil Rhodes na Cidade do Cabo; Toutes les Vies de Kojin, de Diako Yazdani, embarcamos numa viagem pelas contradições do povo curdo face às questões da sua comunidade LBGTQI+; Vil, Má, de Gustavo Vinagre, traz para a ribalta a rainha da literatura sadomasoquista brasileira Wilma Azevedo que conta a história da sua vida; e Welcome to Chechnya, de David France, acompanha a luta pelos direitos humanos de activistas na Chechénia onde, perante a brutal ameaça à existência das pessoas LGBTQI+, actuam na clandestinidade com o objectivo de resgatar vítimas.

Welcome to Chechnya, de David France
O Júri da Competição Queer Art é composto pelo curador Hugo Dinis, pelo diretor de fotografia Sérgio Braz d’Almeida e pela coreógrafa e dramaturga Sónia Baptista. Há também oito filmes neste programa, dedicado a linguagens mais experimentais: Ask Any Buddy, de Evan Purchell; Comets, de Tamar Shavgulidze; Hiding in the Lights, de Katrina Daschner; Judy versus Capitalism, de Mike Hoolboom; Les Nuits d’Allonzo, de Antoine Granier; Padrone Dove Sei, de Michele Schirinzi; Santos, de Alejo Fraile; e El Viaje de Monalisa, de Nicole Costa.

O Júri da Competição de Curtas-Metragens é composto pelo realizador José Magro, o actor Ricardo Barbosa e a artista e pesquisadora Rita Natálio. A concurso estarão 21 filmes. O mesmo júri avaliará a Competição In My Shorts de filmes de escolas de cinema europeias, que conta com dez títulos a concurso.

A Queer Focus tem como mote Cruising, Skin, Memory, Sex, Bodies e Play, evocando elementos e acções que a actual pandemia momentaneamente subtraiu do nosso quotidiano, mas também reafirmando a necessidade de reflexão e de se estabelecerem ligações entre o contexto actual e aspectos da história recente da comunidade LGBTQI+. 

No programa Cruising serão apresentadas as curtas-metragens polacas Afterimages (2018), de Karol Radziszewski, e Bodies without Bodies in Outer Space (2019), de Rafał Morusiewicz; Fuck Tree (2017), de Liz Rosenfeld; GUO4 (2019), de Peter Strickland; e Sodom (1989), de Luther Price

Memory traz a Lisboa duas curtas-metragens da realizadora experimental Jennifer Reeves, Monsters in the Closet (1993) e Chronic (1996); o programa Sex será a Hard Night do Queer Lisboa 24, exibindo o recém-restaurado Équation à un Inconnu (1980), de Dietrich de Velsa, talvez um dos mais cuidadosamente estilizados filmes pornográficos alguma vez feitos.

O programa Skin exibe o documentário Mr. Leather (2019), de Daniel Nolasco, que lança um olhar sobre a comunidade gay fetiche de São Paulo no contexto da disputa pelo título de Mr. Leather Brasil; Bodies traz Un Uomo Deve Essere Forte (2019), de Elsi Perino e Ilaria Ciavattini, a jornada de Jack, um homem transgénero que dá início ao seu processo de transição nos arredores de uma pequena cidade do norte de Itália. 

Já o programa Play apresenta (W/Hole) (2019), de Mahx Capacity, que convida a observar o processo de criação da nova peça do colectivo porno queer/feminista AORTA, em colaboração com a companhia A.O. Movement Collective, em que se celebra o prazer queer como arma de resistência.

Todos os programas - à excepção da Hard Night - incluem momentos de conversa, debate ou performance ao vivo. Entre os convidados do festival encontram-se o activista e poeta André Tecedeiro, xs performers Nadia Granados e David Loira, a artista e antropóloga Fernanda Eugénio, o director de fotografia Sérgio Braz d’Almeida, a representante da APAV - Associação do Apoio à Vítima Joana Menezes e o realizador, fotógrafo e activista polaco Karol Radzisewski

Neste Queer Lisboa haverá ainda a exposição Frágil, do fotógrafo Lisboeta Italiano que decorrerá no Espaço Santa Catarina.

Queer Porto 6

Si C’Était de L’Amour, de Patric Chiha
O Queer Porto 6 abre com Si C’Était de L’Amour, de Patric Chiha, que acompanha 15 jovens bailarinos de diferentes origens que se encontram em digressão com Crowd, um espetáculo de dança coreografado por Gisèle Vienne, onde se explora a cena rave dos anos noventa. As honras de encerramento serão feitas por Le Milieu de L´Horizon, de Delphine Lehericey, que se passa na Suíça rural do Verão de 1976, e onde assistimos através do olhar de Gus, uma criança à beira da adolescência, ao desmoronar da uma família tradicional, quando a sua mãe (interpretada por Laetitia Casta) se apaixona por uma nova amiga, a feminista Cécile.

O Júri da Competição Oficial é constituído pela jornalista Amanda Ribeiro, pelo director de programação de artes performativas da RTP2 Daniel Gorjão, e pelo cofundador e director artístico do Teatro Plástico Francisco Alves. No Porto, também há oito longas-metragens em competição: A Perfectly Normal Family, de Malou Reyman; L’Acrobate, de Rodrigue Jean; Always Amber, de Lia Hietala e Hannah Reinikainen Bergenman; Deux, de Filippo Meneghetti; Dopamina, de Natalia Imery Almario; Hombres de Piel Dura, de José Celestino Campusano; Para Onde Voam as Feiticeiras, de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral; e Rescue the Fire, de Jasco Viefhues.

O Queer Porto conta ainda com a Competição In My Shorts, constituída por filmes de escola portugueses, e com uma secção Queer Focus, dedicada exclusivamente ao tema Cruising e dividida em três sessões. Na primeira sessão poderemos encontrar a segunda exibição (depois da passagem pelo Queer Lisboa 24) de Afterimages (2018), de Karol Radziszewski, e Bodies without Bodies in Outer Space (2019), de Rafał Morusiewicz, aos quais se junta Kisieland (2012), também de Radziszewski. A segunda sessão mostra Et in Arcadia Ego (2018), de Sam Ashby, e Tearoom (1962-2007), de William E. Jones. A terceira sessão é programada pelo artista britânico, designer gráfico e editor Sam Ashby, que escolheu trazer Museum, de Arnoud Holleman; Umbrales, de Marie Louise Alemann; Underground, de Peter de Rome; e liz/james/stillholes, de Liz Rosenfeld.

Haverá ainda uma Sessão Especial com a exibição de Days, de Tsai Ming-liang, onde Kang se entrega a uma vida de deambulação, enquanto tenta lidar com a dor da doença e do tratamento a que se submete. Quando Kang conhece Nom, os dois vão encontrar um no outro o consolo de que precisavam, antes de voltarem a separar-se. 

Destaque também para o evento A Importância de Acreditar no Desconhecido, do Colectivo Prometeu, que estará no Maus Hábitos e por vários espaços da cidade do Porto, e reúne este ano obras de mais de 30 artistas.

Mais informação sobre o Queer Lisboa 24 e o Queer Porto 6 em http://queerlisboa.pt/.

Sem comentários: