sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Atlàntida Film Fest'20: The Exception / Undtagelsen (2019), de Jesper W. Nielsen

*4.5/10*

The Exception (Undtagelsen), de Jesper W. Nielsen, tem todas as características formais de um thriller nórdico: frio, com poucas emoções e muito mistério. A temática é prometedora - com os crimes contra a humanidade como pano de fundo -, mas as reviravoltas no enredo são exaustivas e pouco credíveis.

"Iben, Malene, Anne-Lise e Camilla trabalham juntas numa ONG de Copenhaga especializada em crimes contra a humanidade. Quando Iben e Malene recebem ameaças de morte, suspeitam de um criminoso de guerra sérvio recentemente denunciado."

The Exception é um filme onde as mulheres assumem o comando da narrativa. Os homens têm um papel de pouco destaque, mas nem por isso pode ser considerado um filme feminista. Jesper W. Nielsen comete até o "pecado" de insistir em alguns clichés associados ao sexo feminino que não caem muito bem, por repetir o preconceito. Há ciúmes, invejas e bullying entre amigas e colegas de trabalho. E daí começam a surgir as primeiras suspeitas.


Apesar destes lugares-comuns, o mistério está bem construído até pouco depois da metade do filme, onde as revelações se sucedem, mas depressa toda a história assume contornos desnecessariamente complexos - e ainda assim previsíveis - e pouco realistas. As quatro mulheres guardam segredos, e a forma como os seus fantasmas surgem na acção é talvez a decisão mais inspirada de The Exception.

Já a abordagem dos crimes contra a humanidade, em que estas quatro mulheres trabalham e investigam e que as tem marcado psicologicamente, é relegada para um plano muito secundário, apesar das imagens de arquivo que vão ilustrando a leitura de alguns trechos do livro que Iben escreveu sobre A Psicologia do Mal.


E já que tanto se fala de psicologia, The Exception é um acto falhado. Sabe criar o suspense, mas não consegue decidir sobre quais as melhores opções narrativas. Resolve então abarcar todas as ideias possíveis numa amalgama, onde as mulheres, que deveriam sair enaltecidas, são colocadas num patamar básico, de aparências e individualismo.

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